O Coritiba ideal

Foto: Albari Rosa

Nas suas graves crises, quando se ignora que rumo vai tomar, o Coritiba sofre com a falta de identidade de comando. Logo depois que Samir Namur foi eleito presidente, o Couto Pereira parecia estar sendo preparado para ser encenado o último ato do Apocalipse. A idéia que se estimulava era a de que não restava mais nenhum coxa com espirito, ideal tolerante e capacidade.

Com as lições do filósofo Roberto Romano, aprendi que a prudência desprezada em tempos felizes, quando o rumo está perdido, adquire força vital. Bem por isso, por conhecer a alma dos coxas, que é a base da grandeza da instituição, não tratei nenhuma crise de autoridade com esse desprezo.

Não sou ninguém para afirmar um juízo de valor dos elementos que compõem a personalidade do ser humano. Mas sinto-me obrigado a afirmar os seus atributos pessoais quando manifesta a vontade de exercer um ideal.

O “Coritiba Ideal” se oferece para implementar um projeto de recuperação financeira, técnica, estrutural, patrimonial e moral do grande clube. Tem uma base poderosa projetada do berço dos seus integrantes. Alguns são coxas que receberam, também como herança, o ideal e a obrigação de tratar o Coritiba como um valor imaterial. Deles, sei do berço de Renato Follador, Guilherme Prosdócimo, Henrique Ballão e Filipe Ghignone. Não sei os de Stenger e Bocchino, mas estando com aqueles, corro o risco de presumir que têm o mesmo forro. Todos, daqueles idealistas que seguem o conselho de Millôr, que idealista é aquele que não ganha com o seu idealismo.

Não há na história política do Coritiba nenhum exemplo de que alguém tenha se apresentado para comandá-lo com um tempo imenso antes da eleição.

Então, não é aventura do improviso, da escolha por exclusão. Todos são capazes e têm uma virtude: a obrigação de prestarem contas ao berço que nasceram.

Não entendo o “Coritiba Ideal”, como uma oposição à atual diretoria. A contrariedade de idéias, não significa necessariamente oposição. Torna-se saudável nessa época de incerteza.

Entendo que, se os coxas têm uma ambição de futuro, sem ficar dependente da história já escrita, deve tratar o “Coritiba Ideal”, sem aspas.