Noel do ódio e rancor

Primeiro, falou: “Vou mudar tudo. Onde está escrito que o Atlético tem que ser vermelho e preto?”. Depois, como se os sentimentos dos atleticanos fossem carrinhos de brinquedo, afirmou: “É uma brincadeirinha”.

E, no final, com medo de enfrentar o significado do vermelho e preto do Furacão, recuou usando a literatura clássica de Magri: “As cores vermelha e preta são imexíveis”. Só o desenho CAP foi alterado “no escuro”. E, assim, Mário Celso Petraglia saiu derrotado nesse processo em que pretendia reduzir a importância do vermelho e preto como valor cultural da maior instituição esportiva do Paraná. Mas deixou o Atlético ambientado no trauma que é causado pela simples expectativa de rasgar a história.

Há quem afirme que o cartola profissional, em nenhum momento, teve a pretensão de submeter o vermelho e preto a uma cor púrpura (roxo ou vinho) pela forma estatutária. E, o que fez o que fez, somente para exaltar a sua personalidade, atraindo as atenções nesse momento em que os atleticanos já escolheram um novo ídolo: Tiago Nunes, o treinador.

Pode ser, não duvido. Mas não era essa a intenção imediata. O interesse final era mesmo o de “mudar tudo”. Não o fez por medo e porque, em um raro momento, teve a consciência de que o Clube Atlético Paranaense é maior do que ele.

Foi um momento triste na história do Atlético. Na véspera de ganhar o primeiro título internacional, Petraglia deveria integrá-lo a esse Natal inesquecível de Curitiba, projetado pelo prefeito Rafael Greca. Campeão, bem que poderia ser ele o Papai Noel. Mas é impossível, mesmo com o título, porque Noel carrega presentes e amor para distribuir, e não ódio e rancor.

Limites

Em matéria no UOL, o jornalista curitibano Napoleão de Almeida (excelente, aliás) destaca que a diretoria do Atlético pediu aos conselheiros que desagravem Mário Celso Petraglia pelo que entende como ofensas na Baixada. A nota diz que a proposição parte do fato de que Petraglia tem demonstrado cansaço com a rusga decorrente das políticas adotadas com sócios e torcidas organizadas.
Completo: o autor da proposta foi o presidente Luiz Salim Emed que, inclusive, chorou no final da oração e abraçou o cartola.