Mundo desconhecido

Jogar na Venezuela é entrar num mundo desconhecido. É que por lá o futebol é um esporte marginal. Mas, então, se é assim (e é), é possível tratar como obrigação uma vitória do Atlético sobre o Caracas pela Copa Sul-Americana. Não é que uma derrota seja impossível – pois, afinal, é mundo desconhecido, entra-se num buraco negro. Mas deve se presumir que o Furacão já passou dessa fase de submeter-se a esse tipo de constrangimento. Perder em Caracas não é para qualquer brasileiro.

Mas o futebol, por carregar o imprevisível, tem a capacidade de neutralizar evidências. Daí teorizar sobre o que pode ou deve acontecer em Caracas é um grande risco.

O time do Furacão não é nenhuma maravilha.

Bem nutrido, presumo que seja mais forte do que o Caracas.

Aposto que deve ganhar.

Fornada

Não sei o que sócios, conselheiros e torcedores do Paraná projetam para o futuro. Quando subiu em 2017, entrou em uma encruzilhada, mas com os pés no rumo certo. No entanto, a vaidade e o interesse de Leonardo Oliveira, seu presidente, o fizeram recuar e tomar o caminho errado.

De fornada, o Paraná dispensou toda a sua comissão técnica. O fato coincidiu com a notícia de que não pagou parte do prêmio pela volta à primeira divisão, coisa que deveria ter sido tratada como sagrada. Já tinha comunicado aos jogadores que nesse setembro não teria mais dinheiro para pagar os seus salários. Esse estado vai transformar a volta para a segunda divisão como o menor dos problemas. E, não obstante tudo isso, Leonardo Oliveira será reeleito presidente.

Guardadas as proporções, o Paraná está me lembrando o Atlético.

A sua transformação a partir de 1995 uniu todos os atleticanos, não ficando uma única ala dissidente. Em apenas seis anos, as dívidas foram pagas, o CT do Caju comprado, pago e construído, e a Baixada derrubada e devolvida ao povo em forma de arena.

Mas, aí, aconteceu em 2001: o Furacão foi campeão do Brasil. E Petraglia, por vaidade e interesse para fazer “a sua maneira”, provocou a saída de todos. Resultado: ontem o Itaú BBA deu noticia de uma análise que crava uma dúvida: “o que será do amanhã?”. É que o Atlético tem uma dívida bancária (552 milhões de reais) cinco vezes maior que o seu faturamento por ano.

A primeira divisão fez mal ao Paraná. Despertou vaidade e interesse.

A sorte do Atlético é que Petraglia não é incapaz.