Menino traquina

Foto: Albari Rosa

Não basta a Mário Celso Petraglia parecer ser dono do Athletico. Ambicioso demais, interesseiro demais, quer ser dono do Athletico. E sempre usando o mesmo método: quando começa a circular oferecendo-se para conciliação, usando a sua fantasia de Padre Vieira de pregador da paz, é que está preparando algo só para o seu interesse e dos laranjas que o cercam.

Na qualidade de presidente do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia está convocando os conselheiros para no dia 9 de setembro votarem a ordem do dia. Eis a grande questão: mudança dos estatutos para “a inclusão da possibilidade de ser utilizado o voto eletrônico/online nas eleições do Club Athletico Paranaense”.

Nenhuma das justificativas anexas ao edital sobrepõe o abuso de poder e de direito, porque todas carregam um elemento subjetivo que ninguém vê: a má-intenção da proposta.

Na verdade, com essa alteração estatutária, Petraglia quer é reduzir a zero o risco de perder a eleição de novembro, desde que tenha oposição. É consciente, de que o sistema online é vulnerável à manipulação.

Boa intenção é que não há. Por que mudar nesse momento, em que a sua pessoa é quase unânime entre os atleticanos? Desde que não use o lado podre do seu laranjal, não só irá ser eleito como tem que ser eleito.

A proposta vai além, torna-se insensível e ofende a alma do clube: mudando o sistema de voto, tornando-o impessoal, vai acabar com um dos momentos mais nobres e que restam do seu romantismo. É no dia da eleição que há o congresso de todos os sentimentos que criam a paixão atleticana, em que todos se reúnem para debaterem, fazerem novos e reverem velhos amigos, matarem saudades uns dos outros, viverem o Athletico em seu estado puro.

Petraglia, cego com seus casuísmos, não vê o que acontece no campo.

Talvez por isso nem tenha prestado atenção que o Furacão, mesmo ganhando do Ceará (1×0), em outro fracasso de público, mostrou ser um time decadente. Fez outro jogo ruim porque a limitação dos seus jogadores não consegue mais ser superada pela exaustão. Para ganhar do sofrível Ceará, obrigou-se a buscar na sorte o elemento definidor: tremendo, Bambu saiu e evitou o pior para a zaga; o meio capenga, reduzido a Bruno Guimarães, o que implica no isolamento do artilheiro Marco Ruben, só fez chegar a bola que Nikão marcou.

Petraglia não toma jeito. Aos 75 anos, continua fazendo traquinagem.