Linha divisória

Não foi no Morumbi que o Furacão ganhou o seu primeiro jogo fora da Baixada. E tinha tudo para ganhar. O estádio, por estar quase vazio, era neutro e o São Paulo, apenas sofrível, era um time fácil de ser vencido.

É quase inexplicável a influência negativa que o Furacão sofre quando se afasta do ambiente da Baixada. Longe, esvazia-se. Atravessando bolas no seu campo, erra passes que lhe coloca a perigo, tendo momentos de Fernando Diniz. Retraindo-se, à espera de bola para jogar no contra-ataque, falta-lhe o passe longo e, quando consegue ir à frente, cria uma ou outra chance por Renan Lodi, que não é bem acabado em razão do isolamento de Pablo.

O bom Tiago Nunes que não se engane com Marcelo Cirino. Ele serve como opção, mas não como solução imediata para começar o jogo. Nem Raphel Veiga, que se supõe ser o seu grande jogador, foi capaz de se apresentar como diferente.

Com a bola final, que Pablo cabeceou na trave no minuto final, o zero a zero quase ficou amargo, próximo da injustiça. Escrevo quase, porque se não fosse o goleiro Santos, o Furacão perderia o jogo. O zero a zero acabou justo.

Os atleticanos não podem ser egoístas. O que o time tinha que fazer no Brasileiro, depois do estrago da dupla Diniz-Petraglia, quase fez. Escrevo quase porque, para não ser constrangido pela traiçoeira matemática, duas vitórias bastam para resolver a sua vida, sem ser perturbado pela linha abaixo dos dez.

O que interessa é a Sul-Americana.

Gralha quebrada

Na Vila Paraná 0x4 Flamengo.

Depois de fazer da derrota uma rotina, só sobra para o time um pouco do orgulho. Pois nem mesmo o orgulho restou ao Paraná à essa altura do campeonato. No jogo da Vila contra o Flamengo, já deu para sentir que o Tricolor não daria nem para a saída. Deivid entregou de presente para Lucas Paquetá, que marcou o primeiro gol.

Até que depois, avançando um pouco a sua zaga, o Paraná equilibrou. Mas como tudo o que é equilibrado à base da raça e da marcação, exaure-se, se já não tinha orgulho, se já não técnica, perdendo a condição física, ficou sem nada. Então, o Flamengo quase caminhando em campo, marcou o segundo com o excelente Vitinho e o terceiro com Uribe.

No quarto gol, de Dourado, a bola foi chorando como se não quisesse ir. Afagando a cabeça dos tricolores, os flamenguistas saíram com pena dos tricolores.

E, assim, o Paraná comandado por Leonardo, Oliveiros, Benedito, Berleze e Casinha, entrou para a história do futebol brasileiro como o pior time rebaixado. Os cinco quebraram as asas da Gralha. Na próxima temporada, vão quebrar o pescoço.