‘Krüger’ é do Furacão

Paulo André foi o maestro do Furacão contra o Coxa. Foto: Albari Rosa

Nos tempos de exceção, era o acaso que fazia o papel da polícia contra a guerrilha humana. Quando estava perdida, dominada pelos guerrilheiros, era o acaso que aparecia. Um Atletiba inesquecível foi resolvido pelo acaso dos pênaltis. Se ganhar por esse critério é uma alegria freada por dúvidas, não existe forma mais cruel de se perder. Mas, por mais que a vitória nos pênaltis seja resultado de fatores aleatórios, não se pode negar que é a representação do justo.

O Coritiba estava ganhando o jogo com o gol de bico de Welliton Junior e seria justo ganhar o título. Àquela altura do segundo tempo tinha menos bola, mas era mais prático, por ser mais compacto, mais inteiro.

E se não fosse o bastante, o Athletico o favorecia por estar confuso, desorganizado e apressado. Sem esquema, jogava bolas para o alto e perdia tempo com as arruaças do descontrolado Bergson.
Foi, então, que no último sopro de vida do Furacão, o menino Khellven fez jogada de ponta pela direita e cruzou para a área coxa ao Deus dará. Marquinho não é Deus, mas é santo. Experiente, dominou a bola na área, virou para o gol e empatou: 1 x 1.
Um final de jogo, ambientado nessas circunstâncias, equilibra a emoção e da força interior para aquele que já tinha estimulado a idéia da derrota. Bem por isso, o Furacão foi inteiro para as cobranças e usou esse fator para decidir: ganhando de 7×6, conquistou a Taça Dirceu Krüger e vai decidir o Campeonato Paranaense com o Toledo.

Os coxas saíram do campo arrastados fisicamente; da arquibancada, destroçados emocionalmente. Antigamente escolhidos como eleitos para sempre ganharem, hoje nada dá certo, destruídos pela madição de fracassos.
Mais, ainda, por ter perdido para um Athletico de jardim de infância, de meninos comados por Paulo André, um professor no canto do cisne, e por Marquinho, que até um dia desse preparava um adeus melancólico do futebol.
Erick e Paulo André foram os melhores do jogo.
Marquinho, o herói.

De primeira: Confesso que termino o trabalho nervoso. Não sei pelo jogo ou pelo irritante narrador da RPC. O diretor de esportes da RPC deveria chamar o narrador e explicar o que é narrar uma partida pela televisão. Limita-se contar onde a bola está e com quem está. Não narra fatos paralelos, muitos menos faz comentários de temas fúteis. Sei que a caixa de mensagens da RPC encheu de tantas reclamações. E todas, presumo, com uma causa razoável.