Certa vez, já há algum tempo, uma segunda-feira, fui jantar com Petraglia no chinês Hwa-kuo, da Princesa Izabel. A certa altura do jantar, o presidente me falou na sua naturalidade: “Você precisa compreender, que em regra eu não erro, mas, às vezes, eu também erro”.
O tempo, ainda, acredito, tem o poder de mudar a natureza das pessoas. Intervém dando-lhe consciência dos seus limites, por mais extensos que sejam.

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Se Petraglia admite que “às vezes erra”, rezo para que ele tenha se convencido de que praticou um grande erro ao mudar a comissão técnica, quando o Atlético estava na boca na zona da Libertadores. A troca de Antonio Lopes por Márcio Lara na gerência do futebol e a troca de Leandro Ávila por Doriva no comando do time estão consolidadas como um equívoco que só pode ser perdoado com a correção imediata.
Ontem, o Atlético perdeu para o Santos na Vila Belmiro, 2×0.

A questão não é a derrota em si. Como resultado foi absolutamente normal. A questão, que se constitui em problema, é que o Furacão perdeu porque voltou a ser um time desorganizado, sem esquema tático, e entregue a um treinador que não tem consciência do que está vendo. Bastou tomar o gol de Damião, em outra falha de Léo Pereira, para o Atlético ficar sem saber o que fazer. E, aí, é que aumenta o drama, pois Doriva quando intervém com substituições, faz lambanças: na Vila, tirou outra vez Marcos Guilherme, quando Cléo, é quem deveria sair. E foi alienando as substituições pelo critério de colocar atacantes, ao ponto de fazer o Furacão terminar o jogo em bagunça, com Cléo, Marcelo, Douglas Coutinho e Dellatorre, ocupando os mesmos espaços, um em cima do outro. O pênalti perdido por Marcelo, no minuto final, foi a unificação de todos os erros atleticanos durante 90 minutos.

Já critiquei Petraglia por muita coisa. Mas nunca por omissão. E espero não fazê-lo. Presumo que ele intervenha promovendo mudanças imediatas. O problema não é o resultado de Santos, mas a tendência de queda técnica do time. São números: Doriva assumiu com o Atlético na zona da Libertadores. Quarenta dias depois, o time já está em décimo lugar. Esperar o jogo do Bahia, na Baixada, é um risco. A vitória, que é provável, não será referência de recuperação.

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