Ideologia do dinheiro

Pelos mais diversos motivos votarei em Bolsonaro. É que gostaria muito de ver o PT afastado, pelo menos por um tempo, do comando central. Não é questão ideológica, pois sigo o conselho de Nelson Rodrigues: “Não sou de direita e nem de esquerda. Em ambos existem canalhas”. Com a licença do grande mestre, amplio a sua conclusão: hoje, há canalhas na direita, na esquerda e em qualquer espécie de centro.

O fato de destacar minha posição pública não significa que eu tenha o direito de usar a minha coluna para transformar-se em militante de determinado candidato. Há dois motivos: nunca fiz de eleição partidária uma questão de vida; e o outro é que não tenho direito de usar a liberdade que recebo da Tribuna do Paraná, para escolher o tema e afirmar o meu pensamento. Bem sincero, digo-lhes: só me interesso pela política do Atlético.

Mário Celso Petraglia tem todo o direito de manifestar o seu apoio ao candidato Jair Bolsonaro. O que ele não pode é usar o Atlético para fazê-lo, como se o Furacão fosse apenas ele. É a hipótese da indevida apropriação do pensamento, da vontade e da ideologia de mais de 2 milhões de torcedores.

Sei bem, não sou ingênuo. Escrever o que Mário Celso Petraglia pode ou não pode enquanto dono do Atlético é a hipótese da santa inocência. E digo mais: apropriar-se da ideologia ou do interesse político do torcedor já é irrelevante, para quem se apropriou do próprio da paixão atleticana.

O apoio a Bolsonaro seria uma manifestação ideológica de Petraglia? Dizem que Bolsonaro tem idéias propensas à prática de exceções. Não as encontrei. Petraglia age como ditador e é ditador – e da pior espécie, que é aquela que se apropria do sentimento humano, no caso, da torcida do Atlético.

Não vamos agredir uma expressão tão bonita como ideologia. Petraglia está fazendo tudo isso para, em seu benefício, para receber a fatura mais à frente.

Agora, o Furacão busca outros objetivos no Brasileiro.

Contra o São Paulo, no Morumbi, ganhar o seu primeiro jogo fora da Baixada.

Vencendo, já poderá começar a lutar pelo mais importante: uma vaga na Libertadores da América, sem prejuízo de que ela possa vir pela Sul-Americana.