Falso testemunho

Há pouco tempo, o Atlético, por seu marqueteiro Nelson Fanaya Filho, convidou vários cronistas para dar um testemunho à Fundação Getúlio Vargas. O assunto, desde que permitido enfrentá-los com fatos reais e atualizados, era e é empolgante. Eis o tema: o Atlético antes e depois de 1995. Ou, proposto com a sua verdadeira intenção: o Atlético, antes ou depois de Petraglia. Ao receber o convite, perguntei: o convite é de Petraglia ou da FGV? Respondeu-me o funcionário Fanaya, que continua rezando para dois senhores: “Petraglia que mandou colocar o seu nome na lista”.

Fui o único a não aceitar o convite e expliquei o motivo. Antes de 1995, o Atlético tinha a sua realidade. Dramática ou não, triste ou não, tudo era real. Depois de 1995, a história tem que ser dividida em duas etapas: a primeira, de 1995 até maio de 2002. Neste período, o Atlético administrado por um conselho de pessoas independentes, sem “laranjas”, em que prevalecia a decisão da maioria, o Furacão pagou todas as dívidas, adquiriu e construiu o CT do Caju, derrubou, construiu e pagou a Baixada, já em forma de arena, voltou a ganhar títulos estaduais, voltou ao Brasileiro com um título nacional (1995), jogou a sua primeira Libertadores, foi campeão do Brasil (2001), voltou a Libertadores e Kleberson foi o primeiro campeão do mundo que integrava um time paranaense. Todo o seu patrimônio desonerado, sem uma única dívida.

Quando literalmente tomou posse depois deste primeiro período, afastando e processando todos os que o confrontaram, e tendo dirigentes e conselheiros sob domínio, Petraglia empobreceu o Atlético. É pobre no sentido jurídico, econômico e financeiro quem deve R$ 500 milhões, e tem indisponibilizado todo o seu patrimônio por hipoteca e penhora. Se o Furacão é o único devedor no aspecto jurídico, é uma outra questão. Fui o primeiro a adotar a tese de que todos os contratos são coligados e, assim, deveriam em ação própria serem analisados, providência que o clube nunca adotou. Qual será o final desta história?

Por não saber, e porque seria censurado esse meu testemunho, resolvi recusar.

Dou conhecimento ao público desse fato porque logo será apresentada pelo Atlético uma obra pretensiosa de dividir a história do clube. Sem os fatos atualizados, será um falso testemunho.

E sobre o apoio ao Bolsonaro, utilizando-se do Atlético, é uma outra questão.