Derrota da incompetência

Não há nenhum aliado da verdade mais forte do que o tempo.

Passados 17 anos, mais do que nunca estou convencido de uma verdade que publicamente sempre preguei: o Atlético só foi campeão do Brasil em 2001 porque Mário Celso Petraglia não exerceu nenhuma influência sobre o comando do futebol, que era de Ademir Guimarães Adur.

Passados 14 anos, mais do que nunca estou convencido de outra verdade: o Furacão só não foi bicampeão do Brasil em 2004 porque o comando do futebol era de Mário Celso Petraglia.

Eu aprendi que lidar com o passado não é fácil.

Então, dou um pulo no tempo e alcanço janeiro de 2018, coisa de nove meses atrás. Mandando no futebol do Atlético por se considerar em público “o maior diretor executivo do futebol brasileiro” e, querendo transformar o futebol do clube como “alternativo” aos grandes centros, Petraglia foi atrás de Seedorf.

Sem o holandês, que teve o bom senso de não aceitar para atender o megaempresário paulista Bertolucci, trouxe Fernando Diniz. Dito de outra forma: se não fosse Diniz, seria Seedorf. O resto da história que todos conhecem. Só de lembrar provoca o pesadelo da 2ª divisão, na maior torcida do Paraná.

Entre tantos, o pior dos defeitos de Petraglia é não se convencer de que não entende de futebol. Por ser insensível, não consegue olhar para o campo e discernir o que é bom ou é ruim. É da mecânica de quem sem alma, só decide por dinheiro.

Quando foi embora, Diniz e Petraglia entregaram o Furacão para Tiago Nunes, na lanterna, com nove pontos ganhos, atrás do Paraná. Sem a influência do cartola, Tiago, puxando o Atlético da zona de queda para a zona da Sul-Americana, tornou-se o novo ídolo da torcida. É para essa geração de arquibancada, o que Geninho foi para a geração de 2001.

A análise não é baseada em hipótese, pois Tiago já estava no CT do Caju. Era só avaliá-lo.
Os números, então, afastam qualquer dúvida.

Sem exageros, sendo apenas razoável, com a metade dos pontos perdidos pela dupla Diniz-Petraglia, o Furacão estaria entre os quatro primeiros, portanto, disputando o título brasileiro. Entre os pontos perdidos em jogos na Baixada, estão os das derrotas para o Atlético, Palmeiras e São Paulo, e as derrotas fora para América-MG e Sport.

Certa vez, Petraglia me falou que o “futebol é tão caro que não aceita incompetência”.

Nada como o tempo.

Com o tempo, provou que tinha razão.