Segue o baile

Foto: Miguel Locatelli/CAP

O que se faz para um time, sem seus três principais jogadores, manter a identidade que lhe tornou um campeão nacional? O que fez o Athletico – sem a aura do goleiro Santos, a capacidade de Bruno Guimarães e a força emocional de Nikão – manter a sua identidade de campeão da Copa do Brasil, e ser exuberante na Arena Itaquera, contra o Corinthians, no empate em 2×2.

Respondo: como se tivesse um instinto mágico, e já desconfio que o tenha, o treinador Tiago Nunes transmite uma convicção aos jogadores que entram, de que eles podem fazer o que as grandes estrelas do time fazem.

Dito de outra forma: Tiago criou uma cultura de futebol no Athletico, que todos, sem exceção, respeitam.

Sem se comover com o medo cênico dos Gaviões, logo que o jogo começou, os ausentes foram esquecidos. Léo fez duas defesas só próprias de Santos. Erick jogou como se quisesse informar que Bruno pode ir à Europa. Mas nenhum mostrou que a causa é a convicção que todos têm em Tiago Nunes como Thonny Anderson. Como um ‘falso 9’ (expressão horrível, mas é a que me ocorre), foi a cabeça de Tiago em campo: por ser inteligente, parecendo flutuar, desmontou todo o sistema de defesa do Timão. Driblando quase toda zaga, só não fez um gol antológico porque o goleiro Cássio salvou.

Fácil, assim, não me lembro de um jogo tão precioso que o Furacão tenha feito, como fez no primeiro tempo. Parecendo jogar na Baixada, submeteu o Corinthians às suas linhas avançadas. Só não marcou no inicio, com perspectiva de decidir o jogo, porque, ainda, parecendo ter pecados, insiste em fazer penitência e carregar a cruz chamada Marcelo Cirino. Desta vez, perdeu, ‘só dois gols’.

O gol de Gil, em falha de Thiago Heleno, por ter perdido o tempo de bola, foi imediatamente absorvido pela trama pela esquerda que Cittadini completou. Logo, depois, Erick fez o segundo gol. Mas Thiago Heleno outra vez falhou – agora, por ter perdido a noção de espaço, permitindo a Boselli empatar.

O segundo tempo acusou um Corinthians mais vivo. Avançado, controlou o Furacão. Embora um pouco acuado, o Furacão criou aquela chance com Thonny Anderson.