Choque de cultura

Quando a obrigação me devolve à realidade do futebol brasileiro durante ou depois de uma Copa do Mundo ou uma Liga dos Campeões, confesso que não sou daqueles que diz sofrer um choque cultural. É o meu mundo, aquele que escolhi para viver.

E se não bastasse, a realidade do futebol brasileiro não é muito diferente da realidade desta seleção da CBF. À exceção de Neymar, Marcelo, Philippe Coutinho, William e Douglas Costa, é a média do nível do futebol interno que temos e vemos.

Com esse espírito, tem que se analisar Coritiba 1×1 Figueirense, pela Segundona. Mas a transigência da alma não me impede de escrever coisas que vi e não gostei. Como o futebol que os coxas continuam jogando. O empate a um gol com o Figueirense, no Couto Pereira, mostrou que as duas semanas só de treinamentos não serviram para nada. É o que ocorre quando o time tem grande limitação individual. Pode treinar e treinar, concentrar e concentrar, orar e orar, mas não joga.

Em nenhum momento do jogo, o Coritiba superou a igualdade com o Figueira. Nem mesmo quando marcou 1×0 com Alisson. Igual ou superior, o Figueirense alcançou o empate com Maikon Leite, e teve a última bola para vencer o jogo, perdida por Juninho.

Com esse time o Coritiba não volta à primeira divisão.

Beleza e emoção

Aos 95 minutos, uma falta próxima da área contra o desespero por uma vitória, atrai um resto de esperança para o meio em que se concentram todas as ilusões do mundo. Se a falta é cobrada pelo alemão Toni Kroos, no meio do caminho, a esperança desgarra-se, deixando todas as ilusões para trás. Quando a bola chega à meta, é a esperança que desaparece para ser ocupada pela bela realidade do gol. Se o jogo já é ambientado em despedida, à beleza junta-se a emoção, e então temos um daqueles momentos que se eternizam.

O gol de Kroos, o da vitória da Alemanha sobre a Suécia (2×1) foi um raro momento de beleza e emoção, em meio ao futebol de tranco e de robôs com apito, que está se jogando na Rússia.

Emoção e beleza

Gostaria de escrever igual aos cronistas espanhóis. Usando metáforas, misturando-as com sentimentos, têm a capacidade de construir em uma frase, a verdade que o resto do mundo se bate para encontrar com um arsenal de ideias. Enquanto o mundo busca sustentar teses para absolver ou criticar o genial e triste Messi, o jornalista José Sámano, no El País, escreve: “Messi na Argentina: um Picasso na cozinha”.