A escolha do Athletico

Foto: Albari Rosa.

Quando a história do filme “As Palavras” (Netflix) resolve a sua questão principal, entra em cena o personagem do soberbo Jeremy Irons para perdoar o escritor (Bradley Cooper) que plagiou a sua obra. Então, leciona: “Todos fazemos nossas escolhas. A parte mais difícil é conviver com elas”.

O Athletico terá de conviver com a escolha que fez: com uma intenção de fundo, desprezou o fato de que Tiago Nunes era o treinador com supremacia no mercado sobre qualquer outro. Os atleticanos que não se enganem, o dinheiro prometido pelo Corinthians, influiu, não tenho dúvida. Mas, não foi só o dinheiro. A causa de fundo e também determinante foi outra: Tiago Nunes, já há algum tempo, era a identidade nacional e internacional do Athletico. Quando se falava do Furacão, a associação com o nome e a figura do técnico era inevitável. Por isso, afirmo: desde a conquista da Sul-Americana, Tiago Nunes era o Athletico. E, assim, provocou um fato inusitado: desde Alex Mineiro, em 2001, não havia uma idolatria de arquibancada como a que se dedicou a Tiago Nunes.

Mas, tratemos da causa aparente. Dos R$ 800 mil para a comissão técnica, R$600 mil serão de Tiago. Há lógica na afirmação, que dando preferência ao Athletico, não pediu os R$ 600 mil. Eis a questão: entre o que Tiago pediu e o Athletico ofereceu, qual foi a diferença? Em razão do motivo de fundo, sempre haveria uma diferença. É que o desconforto que causava a grandeza de Tiago, sempre seria maior do que qualquer coisa.

Se não foi isso, então, a saída de Tiago foi consequência de uma sucessão de erros. Em junho passado, quando o Galo o convidou, qualquer raciocínio mediano concluiria que fora só o primeiro convite de muitos. Lá, Mário Celso Petraglia deveria ter proposto e teria conseguido, a antecipação da renovação do contrato.

Quando Paulo André e Márcio Lara entraram em cena, foi um estrago. São dois tutelados por salários milionários para a função de “meninos de recados”, o que naturalmente, trazia insegurança a Tiago Nunes. Então, a renovação do melhor treinador brasileiro, passou a ser ambientado na troca de recados. Não se pode aceitar desse Athletico de administração tão perfeita, ações de amadorismo grosseiro e irresponsável. Amanhã volto ao assunto.