Amanhã, dia 19 de dezembro, o Paraná fará 30 anos de vida. A data, que era para ser ambientada em festa pelas lembranças de títulos e ídolos, deveria passar em branco. É que toda a história de todos os clubes que lhe eram origem, e em especial, a sua própria história dos anos 90, está sendo queimada. E, as cinzas, se restarem e não forem vendidas, serão jogadas no lixo.

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O presidente Leonardo Oliveira está vendendo o Paraná. E não se afirmo o fato, em linguagem figurada. É que, na condição de interventor, sugeriu, e a Justiça do Trabalho aceitou, que se faça um “leilão” para ceder os direitos do futebol paranista para particulares. Então, considerando que, o seu objeto social está reduzido ao futebol, a conclusão é lógica: sem esses direitos, que apanham a marca, o nome e a camisa, o Paraná como instituição, deixará de existir por um ano.

E, se não fosse o bastante, toda a sua história, o amor de arquibancada, os direitos sobre vínculos de jogadores, a marca, o nome e a camisa, estão sendo negociados por R$ 2,3 milhões. Agora, em linguagem figurada (ou, talvez, em linguagem literal), é possível afirmar que Leonardo está vendendo o Paraná ao preço de banana.

A responsabilidade não é da Justiça do Trabalho, embora essa não tenha que intervir no âmbito interno da instituição. Quem tem que decidir é o Conselho Deliberativo, e é aí que se provoca a questão principal. Em 2017, o grupo “paranistas de bem”, comandados por Carlos Werner, iniciou a execução de um projeto que, em um ano, provocou a maior alegria da torcida nos últimos 10 anos, que era subir à 1ª. divisão nacional. Um clube que coloca, em uma segundona, 40 mil torcedores na Baixada, como o Paraná fez contra o Internacional, presume-se, que é viável.

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Por vaidade e por interesses, atropelou o grupo para exercer isoladamente o poder, rebaixando o Paraná para a 2ª. divisão. Indo, além, manipulou os sócios, para ser reeleito. Ardilosamente e pródigo com o dinheiro do Paraná, propôs à Justiça do Trabalho, o salário mensal de R$25 mil para ser interventor, em prejuízo aos funcionários e jogadores.

Desses fatos, surge uma mortal contradição: qual a legitimidade moral de Leonardo Oliveira para propor um leilão dos direitos do futebol do Paraná, se foi ele quem provocou essa situação humilhante?

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E, há impedimento ilegal para essa cessão de direitos à favor de particular (empresário), e aí é que afirmo que a Justiça do Trabalho está induzida a erro: depois que a FIFA proibiu o particular a ser titular de direitos de vínculo de atleta, norma regulamentada no Brasil, pela CBF, esse modo de negócio que o Paraná está propondo, é ilegal. O Londrina não serve como exemplo, porque o contrato de parceria com Sérgio Malucelli, foi anterior à lei da FIFA.

E, há mais: o empresário que ganhar a concorrência (Leonardo quer o senhor Eduardo Uram, da Tombense) será apenas por um ano, como decidiu o Juiz laboral. Um particular, sem qualquer vínculo histórico com o Paraná, não fará projetos e muito menos investimentos para sanear e recuperar o clube. Afinal, um ano basta para, usando a história do Paraná, revelar jogadores e vendê-los.

OBS: O colunista Augusto Mafuz está de férias e volta com os textos a partir do dia 13/01.