Opinião

O silêncio de Petraglia

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Tribuna do Paraná.

À certa altura, a vida me ensinou a importância do silêncio. Mas, aprendi que, às vezes, ele é a solução para muitas coisas. No entanto, há momentos em que o silêncio deixa de ser forma de manifestação, como se aprende lendo Padre Antonio Vieira, na sua obra definitiva “Os Sermões”.   

Qual a razão desse silêncio de Mário Celso Petraglia, presidente do Athletico Paranaense? Por ser explosivo e temperamental, o temperamento intransigente nunca foi um mestre da arte de falar em silêncio, como “O Jogador”, de Dostoiévsk. 

Através das suas redes sociais, sempre defendeu as suas idéias, divulgou projetos, contrariou e ofendeu pessoas, dando a impressão de que foi o precursor do “gabinete do ódio”.  

Petraglia não é um dirigente qualquer. Ao contrário, suas diferenças com o cartola comum, torna-o uma exceção no futebol brasileiro. Todas as iniciativas de mudança do sistema do futebol brasileiro têm a sua digital. É o único que, desde 1995, enfrenta publicamente o monopólio da televisão; foi o idealizador e executor da “Primeira Liga”, que só não mudou o futebol brasileiro em razão da submissão dos clubes à CBF. Misturando ambição, interesse e ideal, que se confundiram, às vezes, com irresponsabilidade, fez o que fez do Athletico. 

Bem por isso, nesse momento em que o futebol mundial está em chamas, é inaceitável esse silêncio de Petraglia. Não é só em relação ao Athletico, embora seja o que mais que interessa, mas com o futebol brasileiro, em geral.   

O futebol será outro? A pergunta é comum e as respostas, até agora, são especulativas. Talvez, a de Petraglia possa ser definitiva. Qual o impacto financeiro sobre o Athletico atual e futuro?

Petraglia não só precisa enfrentar publicamente, como tem obrigação de se manifestar sobre o Athletico. 

O caso TNT

Bem interpretado, o motivo que a Turner (TNT e Esporte Interativo), é o seguinte: os seus contratados, ao cederem os seus direitos da TV aberta para a Globo, permitiram que essa criasse mecanismos para esvaziar as suas transmissões. 

De fato, a Globo sem os direitos da TV fechada de clubes como Athletico, Internacional, Palmeiras, Santos, Coritiba, Fortaleza e Bahia, de acordo com a importância do jogo, transmitia pela internet, através do Globoesporte.com.

O contrato entre a Turner e os clubes tem o seu objeto limitado à TV fechada. E não nenhuma cláusula que impeça esses clubes de cederem os direitos para a TV aberta.  O suposto esvaziamento de suas transmissões pelo método (aliás, inteligente) da Globo, não pode ser atribuído aos clubes. O principio da boa-fé contratual que, aliás, é cláusula expressa do contrato, não está sendo respeitado pelos americanos.