Opinião

Assim falou Petraglia (Parte 1)

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Tribuna do Paraná.

À Tribuna, Petraglia falou “meu caro sócio e torcedor, estamos todos no mesmo barco, infelizmente, o vírus chinês nos pegou a todos! Se o Furacão não for apoiado, ajudado neste momento vai quebrar! Teremos longos anos pela frente para recuperar! No mesmo nível só que com a ajuda de todos! Sinto muito o CAP precisa de todos nessa hora de crise absoluta.”

Não sou de me esconder nas entrelinhas. De imediato, afirmo: Petraglia é um grande cara-de-pau. Seu apelo, quer transferir para os sócios e a torcida, a responsabilidade de uma futura “quebra” do Athletico. 

Ao atribuir a crise ao “vírus chinês”, busca base na literatura bolsonarista. Ao transferir para os sócios e a torcida a responsabilidade por uma “quebra do Athletico”, Petraglia se transforma no Bolsonaro em estado puro, quando esse quer colocar na conta dos governadores e prefeitos a responsabilidade da quebra da econômica como reflexo do Covid-19.

Pode ser até que no final dessa série eu me convença que Petraglia está sendo desonesto, quando constrange os sócios e a torcida do Furacão.

E não faltam argumentos para proteger a minha razão. A fonte de renda da associação de torcedores, é a mais frágil. Além do seu significado ser pequeno face à cessão de direitos de jogadores e televisão, não tem consistência, por ser dependente de resultados.

Mas, a razão é outra para desmoralizar a fala de Petraglia: o Furacão teria que ter R$ 200 milhões em caixa. Considerando os negócios de cessão de Renan Lodi (25 milhões de euros), Bruno Guimarães (20 milhões de euros) e Léo Pereira (R$ 30 milhões), pelas porções de parceria, o Furacão teve um faturamento líquido de R$ 150 milhões. Soma-se a esse, o prêmio de R$ 55 milhões pela conquista da Copa do Brasil, e mais as parcelas iniciais da Libertadores e da Globo, valores próximos de R$ 100 milhões. 

Petraglia não tem legitimidade moral para pedir o sacrifício dos sócios e da torcida.  Ao mesmo tempo que transfere para a arquibancada a responsabilidade da hipótese da “quebra do Athletico”, faz o clube sustentar as pessoas que lhe prestam serviços. 

 O sócio acha justa pagar a sua mensalidade sem ver jogos, enquanto Petraglia faz o Athletico pagar R$ 80 mil para Márcio Lara e R$ 150 mil para Paulo André? Para pagar pessoas, inclusive parentes, e sócios ocultos?