Opinião

Furacão: verdades e mentiras

Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Tribuna do Paraná.

Nesse jogo no Mané Garrincha (Brasilia), pela decisão da Supercopa, as diferenças entre Flamengo e Athletico foram tão extraordinárias, que o placar de 3 a 0 tem que ser tratado com amenidade pelos rubro-negros da Baixada.

No futebol, quando o desequilíbrio é provocado pela diferença da qualidade individual, a essência fundamental do jogo, que é a disputa, deixa de existir. Então, simplesmente, não há jogo jogado. Nessas circunstâncias, analisar e esgotar a análise do jogo em si, de Brasilia, é enganar o leitor. Muitas dessas diferenças surgiram muito mais pelo que falta ao Athletico, do que sobra para o Flamengo.

Em sua imortal “Aquarela”, Toquinho cria a doce ilusão para os nossos netos de que “com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”. No futebol não cabe essa ilusão. Com Márcio Azevedo, Abner Vinicius, Erick, Bissoli, Khellven, Halter, Marquinhos Gabriel, Canesin e com os inativos Adriano e Carlos Eduardo pode-se fazer um onze. Mas, fazer um time que alcance o mínimo equilíbrio, é impossível.

E, nem se atribua culpa a Mário Celso Petraglia por não ter liberado dinheiro para reconstruir o Furacão desmanchado. No máximo, é possível atribuir-lhe responsabilidade por ser o presidente. A culpa é de Paulo André, o gerente de futebol.

Lá atrás, acreditando nele, o Furacão investiu R$ 15 milhões nos laterais Abner Vinicius e Adriano. Esse simplesmente não joga por estar baleado fisicamente, e aquele, nesse jogo de Brasilia, parecia ter saído, recentemente, de um campo de subúrbio.

Não pense o leitor que a ocasião é regra nos negócios do futebol, como o de Bruno Guimarães, quando veio do Audax. Um pelo outro, somando luvas, direitos de vinculo e salários até o final de contrato, Marquinhos Gabriel, Canesin e Carlos Eduardo, custarão próximo de R$ 12 milhões, ou, talvez, mais. Com certeza, mais. E, para renovar o contrato de Rony até 2023, com luvas, comissão e salário, o Furacão gastará R$ 10 milhões.

Dito de outra forma: dentro da sua política financeira de restrições, que é absolutamente correta, o Athletico assumindo compromissos próximos de R$ 40 milhões, gasta até demais em contratações. O erro está no critério de escolha, seja por não ter sentido de observação, seja por contratar por interesses obscuros, como Abner, cujo empresário é o mesmo de Paulo André.