Opinião

Coritiba: uma vitória do acaso; e o grandioso Levi Mulford

Momento em que goleiro Mailson comete pênalti em Rosbon. Foto: Albari Rosa/Foto Digital/Gazeta do Povo

Nos tempos dos anos de chumbo, o acaso fazia papel da polícia contra as guerrilhas urbanas. Lembrei desse fato, vendo o Coritiba ganhar do Sport por 1 a 0, no Couto Pereira, pelo Brasileirão. 

 Na estreia de Jorginho no seu comando técnico, só não perdia, porque o goleiro Wilson e o zagueiro Sabiano salvaram-no, naquele que era, então, o único lance de gol do jogo.    Esse gol com o jogo já indo para o final, iria ser fatal.

Mas, daí, com o empate sem gols bem ajustado para um jogo de horrores, o acaso deu a mão para o Coxa: aos 92 minutos, o goleiro pernambucano Maílson, abandonou o gol à procura de uma bola quase perdida, e foi derrubar Robson no canto direito da área. Sabino marcou de pênalti. 

 Um pênalti faz parte do jogo, concordo. Mas, neste jogo do Couto, pelas circunstâncias que ocorreu, foi além dos limites de um jogo. Foi por puro acaso.

Nem se atribua a vitória à estreia de Jorginho.  Não que ele não tenha exercido alguma influência no time.  Todo o técnico que assume para recuperar um time, sempre provoca alterações na ordem de jogo e no espírito dos jogadores.  Mas, associar essa vitória à sua influência, irá comprometê-lo.  É que  foi o pior Coxa nesse Brasileirão: indolente,  sem nenhuma qualidade a exceção de Sabino e Wilson, e desorganizado. 

 A vitória foi importante pelos três pontos. Mas, em um campeonato que é necessário atender a regra de vitórias com a mínima sequência,  esses três pontos só podem ser considerados no futuro. 

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O grandioso Mulford

O dia que a história da Tribuna do Paraná for escrita, dois jornalistas merecem capítulos especiais: o saudoso Albernir Amatuzzi e Levi Mulford. Levi foi embora aos 91 anos, ao natural, sem trauma e sem dor. 

Levi era coxa e dos grandes. Mas, o seu amor pelo futebol era todo ele depositado no Operário Pilarzinho, Trieste, Iguaçu, Campão da Imbuía, Vila Fanny, Imperial, Ipiranga, Nova Orleans, Santa Quitéria, Flamenguinho, Vila Hauer e todos que ele incluía no seu mundo e chamava de “suburbana”. 

O bem maior do seu espólio não é a sua biblioteca ou os livros que escreveu. Mas,  as lições de ética e de ideal que foi ensinada e deve ser aprendida por várias gerações de jornalistas. À família de Levi presto o meu agradecimento por ele ter existido.

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