Entregue aos seus “coveiros”, os presidentes Mário Celso Petraglia e Luiz Salim Emed, e aos seus conselheiros, o velho Atlético Paranaense (expressão que eu importo de Juca Kfouri), despediu-se da vida ontem à noite.

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E despediu-se como viveu: grande no mundo que escolheu para viver, usando “a camisa que só se veste por amor”, com a identidade que criou e manteve pelo idealismo, pelo sacrifício e pelo amor de sua gente durante 94 anos. E para não deixar nenhuma dúvida, ganhou do Junior Barranquilla, e foi campeão da Sul-Americana.

Morreu pobre. Próximo do seu adeus, do seu espólio já estavam subtraídos pelo Clube Athletico Paranaense, os seus mais caros valores: a Baixada, a torcida (uma parte comprada), a marca “Furacão” e, no último suspiro, quase sem forças para viver, o título de campeão da Sul-Americana.

Glória infinita para o velho Clube Atlético Paranaense.

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Bem que quis ser soberbo e desmentir a sua história de sofrimento, quando o histórico Pablo, usando a alma rubro-negra para superar a sua dor, marcou 1×0. Parecia que o título já estava encomendado. Mas para o velho Atlético Paranaense, uma despedida, assim, sem sofrimento, não teria graça.

O futebol é bendito e a bola é justa. Os dois juntos têm a capacidade de tirar e dar em uma mesma noite, como escreveu o escritor espanhol José Sámano. Sensibilizados, ofereceram-se gratuitamente para ajudar esse velho Atlético a acertar as contas com a vida antes de dizer adeus. Para isso, era preciso sofrer. E, então, veio o gol de empate de Téo Gutierrez. E a supremacia colombiana fez a Baixada quase chorar.

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Era pouca coisa. Era preciso sofrer mais. Então, veio a prorrogação e uma pênalti previsível diante do domínio colombiano, perdido com um chute “nas nuvens” como narraria o velho atleticano Carneiro Neto.

E, aí, vieram os pênaltis.

Não há nada mais nobre do que ganhar nos pênaltis quando a beleza no medo paralisante que é ganhar sofrendo. Ainda, mais, em um adeus. Nem com exercício espiritual o futebol negaria a justiça do título ao velho Atlético Paranaense.

Obrigado meu velho Atlético.

Um dia, talvez, a gente se encontre.

Pablo foi o melhor.

Escondendo a sua dor com alma, foi o resumo dos 94 anos do velho Atlético Paranaense.

Essa coluna é uma homenagem a Dani Portugal, uma educadora do corpo e da alma.