A jogada de Cirino

Foto: Albari Rosa

Afinal, o que fez Marcelo Cirino?

O jogo no Beira-Rio já estava no minuto final, o Athletico buscava absorver as últimas ilusões dos gaúchos do Inter, quando uma bola foi parar no lado esquerdo do ataque, onde estava Marcelo Cirino. Um jogador consciente e inteligente iria reter a bola, forçar um lateral ou uma falta para ganhar os últimos segundos de tempo que restava para comemorar o título.

Mas eis que Cirino, saindo do nível terreno, fez uma jogada de imortal: de costas para a marcação, se obrigou a jogar com o calcanhar.

Confessando que queria ganhar tempo, então, não tinha consciência do que se passava. Então, daí, viu que a bola havia passando sem nenhuma resistência gaúcha, deu a volta, e pegou de frente a próxima marcação, driblando-a. Agora, pensando, sabia que Rony estava vindo de trás, passando-lhe a bola para fazer o segundo gol.

A FIFA encontrou na jogada uma essência de Messi. Os argentinos do Olé, sem ironia, trataram-na com um repente só possível em “Dios”, ou Maradona. Nós, para sermos atuais, podemos buscar um momento de Ronaldinho Gaúcho.

Seja quem for, só encontro uma explicação para a jogada tratando-se de Cirino: a intervenção divina. Como se fosse uma escrita bíblica, era para ser assim, e assim se fez.

Heróis

Como no futebol, apenas alguns sabem perder. Nas conquistas, procura-se desesperadamente por heróis. Aí, entra a consciência daqueles que são indicados como candidatos a heróis. Jorge Valdano, cronista do “El Pais”, escreveu certa vez que não podemos esquecer que o futebol é feito de valores tão grandes ou tão pequenos quanto as pessoas que o protagonizam.

Esse é o princípio de vida do treinador Tiago Nunes, que não aceitou a identidade de maior técnico da história do Athletico. Humilde, afirma que as vitórias são consequências de trabalhos precedentes.

Tiago nasceu com a consciência de herói.