Poe Luiz Carlos Kuns Passos*
O Paraná vem se consolidando como a maior economia do Sul do Brasil. Com o Produto Interno Bruto (PIB) alcançando R$614,61 bilhões em 2022, segundo dados divulgados em novembro de 2024 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado já é a quarta maior economia do Brasil.
A curva segue em ascensão: no primeiro trimestre de 2025, o PIB paranaense aumentou 1,4% frente ao quarto trimestre de 2024.
Todo esse crescimento pode ganhar novo impulso com o plano de investimentos para o setor de gás canalizado. Entre o final de 2024 e 2029, serão R$ 505 milhões em cinco anos.
Os projetos aprovados pelo Paraná têm como maior destaque a construção de novos gasodutos de distribuição capazes de abastecer municípios extremamente relevantes, como Curitiba e Região Metropolitana, além dos Campos Gerais e no Norte do Estado, bem como aumentar a oferta de gás natural e biometano para veículos pesados, o que representa um grande passo para a transição energética paranaense do Sul do País.
No plano, uma das prioridades da concessionária de distribuição local, a Compagas, empresa com mais de 900 quilômetros de rede construída e atendimento a 17 municípios, é a construção de um gasoduto de 52 quilômetros entre Araucária e Lapa, na região metropolitana de Curitiba. Estimado em R$108 milhões, o investimento abre um corredor para o desenvolvimento econômico de um importante polo agroindustrial.
O destaque será o fornecimento de gás ao maior complexo de biodiesel do mundo a base de óleo de soja, anunciado pelo Grupo Potencial. As obras devem começar no segundo semestre e a estimativa é entregar o projeto em 2026.
Outro projeto fundamental é a construção de rede em Londrina e Maringá. São as maiores cidades do interior do Paraná e o quarto e sétimo municípios mais populosos da região Sul, respectivamente. O projeto abrange um total de 70 quilômetros de dutos para atender os segmentos industrial, residencial, comercial e veicular de Londrina. A primeira etapa das obras, ligando Cambé a Londrina, já começou, com quatro quilômetros de extensão, motivando a assinatura dos primeiros contratos com indústrias instaladas na região. Já em Maringá será construído um total de 19 quilômetros, para atendimento ao setor industrial, além de postos e usuários residenciais.
As duas cidades terão uma rede local, ou seja, sem conexão com a infraestrutura já existente da Compagas. A ideia é começar a abastecer as cidades com biometano. Inicialmente, o transporte será feito com caminhões movidos a biometano, solução essa que promove a economia circular, reduz de forma expressiva a geração de CO2 e contribui de forma ativa para as metas de descarbonização de empresas e centros urbanos.
Nosso objetivo é fomentar a transição energética no Paraná e no Brasil. Um grande passo nessa direção é a conexão de usinas de biometano no Paraná, um dos estados com maior potencial de produção de gás renovável, seja de origem agrossilvipastoril, seja de aterros sanitários.
Outro passo firme que estamos dando é a integração dos principais corredores rodoviários do estado com o Porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil e um dos maiores da América Latina.
Paranaguá recebe boa parte da produção de grãos proveniente do Mato Grosso do Sul e até mesmo do interior de São Paulo, que na sua rota passam pelo Norte do Paraná e pelos chamados Campos Gerais, até passar pela região metropolitana de Curitiba até descer a serra para o Litoral.
Nossa missão é propiciar a operadores logísticos totais condições para substituir caminhões a diesel por outros veículos movidos a gás natural e biometano, muito mais eficientes, competitivos e com ganhos ambientais expressivos – um estudo comparativo de Avaliação do Ciclo de Vida, do poço à roda realizado pela ACV Brasil, mostra que o gás natural veicular (GNV) apresenta emissões de gases de efeito estufa 25% menores que o diesel, enquanto o biometano alcança um percentual de emissões 87% menor nessa comparação com o diesel, considerando emissões de veículos pesados com motor EURO5.
Para isso, seguimos estruturando postos no projeto Corredores Sustentáveis.
Atualmente, a infraestrutura de GNV no Paraná já conta com 33 pontos estrategicamente posicionados em áreas urbanas de grande demanda e ao longo de eixos rodoviários, especialmente em Curitiba, Região Metropolitana, Paranaguá, Londrina e Ponta Grossa. Essa base atende tanto veículos leves quanto frotas comerciais e 11 deles estão preparados para atender especialmente os caminhões que usam o gás.
Também temos interlocução com prefeituras de Curitiba e Londrina para estudar a possibilidade de adoção de ônibus a gás natural e biometano, o que pode gerar benefícios consideráveis para a saúde pública, uma vez que os veículos a diesel lançam grande quantidade de material particulado – gases nocivos para os aparelhos respiratórios, como óxidos de nitrogênio (NOx) e s óxidos de enxofre (SOx).
Os segmentos residencial e comercial não ficam em segundo plano. A Compagas vai dobrar de tamanho até 2029, incorporando 65 mil novos clientes, na conexão de novos empreendimentos imobiliários, a maior parte em Curitiba e em Londrina, e também dialogando com condomínios já existentes para reforçar os atributos do gás canalizado na comparação com outros menos seguros e eficientes, universalizando o uso do gás natural nas cidades. Na medida que clientes potenciais percebam os benefícios, essa escolha fica fácil.
Para alcançar esses objetivos está em curso uma jornada de transformação. No segundo semestre de 2024, a Compagas passou a ser 100% privada, sendo controlada por um acionista com reconhecida experiência em distribuição de gás canalizado, a Compass, somando-se à experiência de acionistas como a Commit e a Mitsui, que, juntas, já vinham trabalhando para desenvolver e incorporar as melhores práticas de gestão e inovação no setor.
Isso tem sido fundamental para estruturar uma cultura fortemente baseada em quatro pilares: Segurança, Eficiência, Pessoas e Centralidade no cliente. E essa oxigenação já tem contribuído para uma percepção positiva do mercado.
Com o contrato de concessão firmado com a Compagas até 2054, o Paraná tem pela frente um horizonte de grande evolução. Na área operacional-comercial, acreditamos que, muito mais do que distribuir gás, nosso negócio é ser indutores de desenvolvimento econômico e social, promovendo, ao mesmo tempo, a transição energética no Estado.
Luiz Carlos Kuns Passos é diretor comercial da Companhia Paranaense de Gás (Compagas)
