COP30: Fauna usada como vitrine, mas esquecida na prática

Onça-pintada. Foto: Deposit Photos

A COP30, que transformará Belém no centro das atenções globais em novembro, promete colocar a Amazônia e sua biodiversidade no coração do debate climático. Mas quando o assunto é a fauna — silvestre ou doméstica —, o contraste entre discurso e realidade já salta aos olhos.

Em nome de um evento “verde”, abriu-se uma estrada de quatro pistas em plena floresta: a chamada Avenida Liberdade. O governo fala em passagens de fauna e ciclovias sustentáveis, mas o fato é que hectares de habitat foram destruídos. Para a onça, a anta e o macaco, não há compensação que devolva o território perdido.

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Enquanto isso, ONGs e cientistas lembram que animais não são apenas vítimas da crise climática: eles são parte da solução. Manter populações saudáveis é essencial para restaurar ecossistemas e aumentar a captura de carbono. Mas essa pauta, até aqui, segue invisível nas grandes promessas diplomáticas.

Os povos indígenas, que há séculos cuidam de fauna e floresta, terão espaço na conferência. Ainda assim, correm o risco de serem transformados em figurantes exóticos em um espetáculo internacional. O mesmo vale para os animais: viram marketing em esculturas e slogans, mas não viram prioridade política.

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O governo brasileiro apresentará um fundo bilionário para salvar florestas tropicais. Boa notícia. Mas quem garante que esses recursos chegarão de fato a projetos que protejam a vida animal — da onça-pintada amazônica ao cachorro abandonado nas ruas de Belém?

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A COP30 tem tudo para ser histórica. Pode redefinir o papel da fauna como peça-chave no combate à mudança do clima. Mas, se continuar no caminho do “fauna como vitrine”, sairemos de Belém com belas fotos, discursos inflamados e nenhuma mudança real.

E, no fim, a onça seguirá sozinha na beira da estrada recém-aberta.

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