No Brasil, é comum encontrar empresários que, mesmo depois de anos de empresa, ainda atuam como verdadeiros “faz tudo”. Eles atendem cliente, aprovam nota fiscal, contratam equipe, pagam conta e até resolvem o problema da impressora. Parece exagero? Pois não é. Muitas vezes, o que vemos é o dono trabalhando mais que todos, com pouco tempo para pensar no futuro do negócio.
Esse comportamento nasce, em grande parte, da mentalidade com que a empresa foi criada. No início, é natural que o empreendedor assuma várias funções: falta gente, falta recurso e sobra vontade. Mas o problema começa quando essa postura se torna um hábito permanente. A empresa cresce, a equipe aumenta, mas o dono continua centralizando tudo.
E aqui está o ponto crucial: um empresário que não sai do papel operacional trava o próprio crescimento. A diferença entre o dono que trabalha para a empresa e o que faz a empresa trabalhar para ele está, antes de tudo, na mentalidade.
O mito do “ninguém faz como eu”
Uma das principais crenças que prendem empresários no operacional é a famosa frase: “Se eu não fizer, não sai bem feito.” Esse pensamento parece proteger a qualidade do negócio, mas, na prática, gera um efeito contrário.
Centralizar tarefas impede que a equipe se desenvolva, sobrecarrega o dono e limita a escalabilidade da empresa. Afinal, se tudo depende de uma única pessoa, até onde esse negócio pode crescer?
Curiosamente, grandes empresas não se sustentam pela genialidade diária de seus fundadores, mas pela capacidade de criar processos e lideranças capazes de manter o padrão, mesmo sem a presença constante do dono.
Delegar não é largar
Outro ponto que confunde muitos empresários é acreditar que delegar é simplesmente “mandar alguém fazer”. Na verdade, delegar é transferir responsabilidade com clareza, confiança e acompanhamento.
Pense em um maestro: ele não toca todos os instrumentos, mas orienta cada músico para que, juntos, produzam uma boa sinfonia. O empresário precisa assumir esse papel de maestro. É ele quem define a visão, a estratégia e os indicadores de resultado. O time, por sua vez, executa as ações dentro desse direcionamento.
Três mudanças de mentalidade para sair do “faz tudo”
1. Do controle para a confiança – Em vez de microgerenciar cada detalhe, estabeleça indicadores claros. Assim, você acompanha resultados sem sufocar a equipe.
2 – Do improviso para o processo – Criar rotinas, checklists e padrões não engessa a empresa; pelo contrário, dá liberdade para o dono pensar no crescimento, enquanto a equipe mantém a qualidade.
3. Do operacional para o estratégico – Pergunte-se diariamente: “Essa tarefa precisa mesmo ser feita por mim?” Se a resposta for não, é hora de treinar alguém. O papel do empresário é pensar em expansão, parcerias, inovação e investimentos.
O valor do tempo do dono
Um dos recursos mais subestimados na gestão é o tempo do empresário. Cada hora gasta resolvendo problemas que poderiam ser resolvidos por outro é uma hora a menos pensando em novos produtos, novos mercados ou na saúde financeira da empresa.
Se calcularmos, o tempo do dono deveria ser o mais caro de toda a organização — porque é ele quem dá direção ao futuro do negócio. Quando esse tempo é desperdiçado em tarefas de baixo impacto, a empresa como um todo perde competitividade.
De empreendedor a empresário investidor
Mudar a mentalidade não significa trabalhar menos, mas trabalhar diferente. É o movimento de sair da linha de frente, assumir a posição de estrategista e, com o caixa gerado pela empresa, começar também a investir fora dela.
Esse é o passo que transforma o empreendedor em empresário investidor. Ele cria valor não apenas no negócio, mas também no patrimônio pessoal, garantindo estabilidade e liberdade a longo prazo.
Sair do papel de “faz tudo” exige coragem, disciplina e, acima de tudo, mudança de mentalidade. É parar de pensar como operador e começar a agir como dono de verdade.
No fim das contas, empresas crescem quando seus líderes crescem. E o primeiro passo para essa transformação não está em planilhas ou softwares de gestão, mas na cabeça de quem comanda.
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