Vitaminas e novas drogas estão sendo testadas no tratamento do câncer do pulmão

O fato não é novidade. A grande arma para diminuir sensivelmente os casos de câncer de pulmão só virá quando se eliminar a dependência química que o homem tem com o tabaco. “Infelizmente, isso parece distante da realidade”, lamenta Gilson Delgado, mestre e doutor em Medicina e professor titular da disciplina de Oncologia Clínica da PUCSP.

Armas contra o vício

Mesmo diante deste cenário negativo, a Medicina tem descoberto novos caminhos para o tratamento das neoplasias no pulmão e da dependência causada pelo fumo. “Muitas pesquisas são conduzidas no sentido de se entender melhor os mecanismo de adição que o vício da nicotina acarreta aos seres humanos”, explica o dr. Gilson. “Não está distante o momento em que a ciência encontrará substâncias realmente eficientes, capazes de competir com a nicotina e, com isso, fazer com que as pessoas se libertem definitivamente do cigarro”, revela.

Armas contra a doença

Segundo o oncologista Gilson Delgado, estão surgindo novas drogas capazes de tratar o câncer de pulmão com menor toxidade e com eficácia igual ao da quimioterapia. São drogas que agem com outros mecanismos. “Os medicamentos que utilizamos atualmente, agem sobre o ciclo celular, em células que se proliferam desordenadamente. As novas drogas irão interferir tanto nas células neoplásicas quanto nas que ainda não apresentam nenhum problema”, diz o médico. Um desses novos medicamentos é o Iressa (Astra-Zêneca). Esse medicamento é um poderoso agente seletivo, que inibe a tirosina-quinase presente em receptores do crescimento epidérmico. A droga bloqueia os sinais de transdução dos mecanismos de proliferação das células normais e na sobrevida das células neoplásicas. Por enquanto, o Iressa só é comercializado no Japão. Segundo o dr. Gilson Delgado, outras linhas de pesquisa avaliam, ainda, a aplicação de altas doses de vitaminas para se evitar as recidivas dos carcinomas pulmonares.

“O grande problema das novas drogas são as baixas respostas verificadas nos testes realizados”, diz o médico. “De cada dez pacientes, só dois apresentam os resultados desejados. Isto, porém, não significa fracasso. Representa que a droga age corretamente em determinados perfis patológicos, precisando sofrer ajustes”.

Entender a ação desses novos medicamentos não é difícil. “O maior causador dos casos de câncer de pulmão é o tabaco”, explica Delgado. Ao ser inalado, toda a mucosa dos brônquios é afetada. “Quando um tumor é descoberto e decide-se fazer uma cirurgia, somente aquela parte do pulmão é retirada. Todo o restante do órgão, permanece e se torna território potencial para o surgimento de novas lesões cancerosas”. No Japão, por exemplo, de 10 a 15% dos pacientes operados por câncer no pulmão, apresentarão um segundo tumor num prazo de até cinco anos.

Inimigo rico

A guerra contra o tabagismo está longe do fim. Uma pesquisa realizada pela consultoria Austin Asis, e divulgada em março de 2003, avaliou o balanço de 207 empresas de 22 segmentos da economia. Os bancos foram os que mais lucro obtiveram em 2002, com 25,7% de rentabilidade (grau de rendimento proporcionado por um investimento). As empresas não financeiras tiveram prejuízo médio de 13,1%. Mas a campeã de retorno foi a indústria do tabaco. A rentabilidade da Souza Cruz, por exemplo, bateu nos 60,1%. (fonte Gazeta Mercantil)

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