Veja como diagnosticar a menopausa precoce

Durante a menopausa, a mulher experimenta uma série de mudanças físicas, psicológicas e sociais importantes que começam no climatério. Porém, para algumas mulheres, a menopausa chega com, pelo menos, 15 anos de antecedência, bem no período em que a maioria ainda pode ter filhos. Quando isso acontece, a mulher pode estar entrando em um quadro de menopausa precoce. 

O que é a menopausa precoce

A menopausa precoce é o quadro clínico que se apresenta quando a mulher entra na menopausa antes dos 32 anos, ou seja, período em que ela fica um ano ou mais sem menstruar com sintomas específicos. A menopausa precoce não é um distúrbio hormonal, mas a falência ovariana em uma mulher jovem. A falência ovariana prematura (FOP) é a perda temporária ou definitiva da função gonadal (de produzir hormônios) que acontece após a menarca (primeira menstruação) e antes dos 40 anos de idade. Ela é caracterizada pela diminuição do número de folículos ovulatórios (óvulos) e é exatamente essa condição que vai gerar alteração hormonal. 

Causas do problema

Não existe uma causa determinante para o surgimento do problema. A menopausa precoce pode ocorrer por vários fatores, como o histórico familiar, por exemplo. Na verdade, a idade da menopausa não está relacionada à época da primeira menstruação, mas sim quando a mãe e as irmãs da paciente entraram em menopausa.

Existem trabalhos científicos que mostram interligação das idades da mãe com a da filha, porém esta não é a regra geral para uma FOP. Há também outros fatores externos que podem antecipar a menopausa, como a remoção dos ovários ou de grande parte deles e os tratamentos contra o câncer, por exemplo. A radioterapia e a quimioterapia têm como objetivo impedir o crescimento celular. Porém, estes tratamentos não atingem apenas as células malignas, mas as que estão sadias também. Por isso, dentre outros efeitos colaterais, os tratamentos contra o câncer podem levar a uma falência prematura dos ovários.

Existem ainda outros medicamentos que podem gerar a chamada menopausa química, que ocorre independentemente da idade da paciente. Um exemplo é o uso de um medicamento comumente indicado para casos de endometriose.

Mulheres que estão em seu ciclo reprodutivo de vida e que sofrem com doenças auto-imunes, tais como lúpus e inflamações na tireóide (Tireoidite de Hashimoto) ou de problemas metabólicos como o diabetes, ou ainda infecções virais adquiridas, podem necessitar de medicações que acabam também por acelerar o processo da menopausa precoce. Ou seja, não é propriamente a doença que provoca a alteração e, sim, o efeito da utilização da medicação.

Há também a menopausa precoce, cirúrgica, caracterizada pela retirada dos ovários, geralmente, realizada em mulheres com diagnóstico de câncer. E existem, ainda, doenças genéticas específicas que provocam distúrbios ovarianos, mas estas não são as grandes causadoras da menopausa precoce. Alterações do cromossomo X, como a Síndrome de Turner ou a Síndrome do X Frágil podem ser consideradas possíveis causas da falência prematura dos ovários.

Diagnosticando

Uma mulher jovem com vários sinais descritos acima, principalmente irregularidade menstrual, fogachos, insônia, perda de memória, irritabilidade, fadiga excessiva, sudorese noturna pode estar apresentando sinais indicativos de menopausa precoce. A determinação da causa da menopausa prematura é importante para as mulheres que desejam engravidar.

O exame físico é útil, seguidos por exames complementares, como o de dosagem hormonal e o ultra-som ovariano. Exames de sangue podem ser realizados para se investigar a presença de anticorpos que acarretam danos às glândulas endócrinas – exemplo de doenças auto-imunes. Para as mulheres com menos de 30 anos de idade, uma análise dos cromossomos é geralmente realizada.

Tratamento do problema

Confirmado o diagnóstico, a regra para tratamento é a Terapia de Reposição Hormonal, a TRH. O uso da TRH é imprescindível nos casos de menopausa de origem cirúrgica ou provocada por quimioterapia, em virtude da intensidade destes sintomas. Além disto, a menopausa precoce é indicação precisa de Terapia de Reposição Hormonal, pois essas mulheres apresentam risco 4 x maior de desenvolver doenças cardíacas e 7 x maior de desenvolver osteoporose.

Chances de engravidar

A mulher com menopausa precoce apresenta uma chance inferior a 10% de ser capaz de conceber. Suas chances aumentam em até 50% quando é realizada a implantação de óvulos de uma outra mulher no seu útero – a ovodoação – após eles serem fertilizados em laboratório, com emprego das técnicas de Fertilização In Vitro, FIV.

A doadora deverá passar por um processo de indução da ovulação indicado para o bebê de proveta. Paralelamente, a receptora recebe hormônios que preparam o endométrio para receber os embriões. Enquanto os óvulos se desenvolvem na doadora, o endométrio da receptora fica mais espesso a cada dia. Quando os óvulos da doadora forem aspirados, parte deles serão encaminhados para a receptora, sendo fertilizados com o sêmen do próprio marido. A seguir os embriões são transferidos para cada uma das pacientes.

As doadoras devem ter as seguintes características: menos do que 35 anos de idade; bom nível intelectual; histórico negativo de doenças genéticas transmissíveis; e, teste negativo para doenças infecciosas sexualmente transmissíveis (hepatite, sífilis, Aids etc) e tipagem sangüínea compatível com a receptora.