Vacina contra a aids em breve no primeiro mundo

Um novo medicamento de combate à aids, o T20, pode estar disponível em breve na Europa e América do Norte, afirmaram dirigentes dos laboratórios Trimeris e Roche ontem em Barcelona, no primeiro dia da 14.ª Conferência Internacional sobre a Aids.

Barcelona, Espanha – Está chegando a vacina contra aids. O medicamento, um “inibidor de fusão” é o primeiro que funciona impedindo o vírus da aids de entrar nas células do organismo, diferentemente dos remédios usados atualmente. Estes atuam contra o vírus quando ele já está dentro das células do sistema imunológico (CD4).

O T20, apresentado pelos porta-vozes dos laboratórios como um “milagre”, foi comparado ao melhor tratamento combinado disponível. “Fez a carga viral (taxa de vírus no sangue) cair abaixo dos níveis de detecção no dobro dos pacientes em relação ao tratamento de comparação”, afirmou o professor Bonaventura Clotet, responsável pela setor de Aids do hospital de Barcelona Germans Trias i Pujol.

“Nos surpreendemos e alegramos muito com estes resultados”, acrescentou.

O T20, que foi testado nos pacientes em tratamento por longo tempo e resistentes aos medicamentos disponíveis, foi considerado pelos especialistas como o medicamento mais complexo produzido pela indústria farmacêutica.

Este medicamento, que é aplicado com injeção subcutânea, foi testado em mais de mil pacientes, na América do Norte e no Brasil, assim como na Europa e Austrália.

Morte

Alguns países africanos podem perder um quarto de sua força de trabalho nos próximos 20 anos por causa da aids, advertiu ontem uma autoridade da Organização Mundial de Saúde (OMS) durante a conferência internacional sobre Aids que acontece em Barcelona, na Espanha.

Bernhard Schwartlaender, diretor do departamento de HIV/Aids da OMS, disse que mais de 20% dos adultos de sete países da África subsaariana apresentavam o vírus que provoca a doença. Em Botsuana, Lesoto, Suazilândia e Zimbábue as taxas são de 1 para 3.

Schwartlaender advertiu que a diminuição da força de trabalho em virtude da aids poderia prejudicar o crescimento econômico da região e minar setores importantes da sociedade nos países mais atingidos.

No Quênia, por exemplo, a aids já é responsável por 3 de cada 4 mortos registradas.

Genéricos brasileiros em oferta

Barcelona, Espanha

– O Brasil ofereceu, aos dez países mais pobres do mundo, remédios genéricos para aids e o know-how para fabricá-los, em uma tentativa de diminuir a diferença no tratamento de portadores da doença nos países ricos e pobres.

O país é pioneiro na fabricação de remédios anti-retrovirais genéricos para aids – para ira da indústria farmacêutica -, em um programa altamente bem-sucedido de tratamento.

O diretor da Coordenação Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Paulo Teixeira, disse que o Brasil agora tem o dever de compartilhar seu know-how com países da África, Ásia, América Latina e Caribe, castigados pelo vírus.

– O Brasil se sente na responsabilidade de compartilhar suas experiências com outros países em desenvolvimento, especialmente no que se refere a acesso às drogas anti-retrovirais – disse Paulo Teixeira, em entrevista da durante a 14ª Conferência Internacional sobre Aids, em Barcelona, na Espanha.

O governo do Brasil vai destinar inicialmente US$ 1 milhão para financiamento do projeto, o que vai pagar pela transferência de tecnologia, treinamento e doação de remédios fabricados em laboratórios públicos.

Homossexuais desconhecem o contágio

Barcelona

– Um estudo sobre jovens homossexuais e bissexuais do sexo masculino nas principais cidades dos Estados Unidos mostrou que mais de 75% dos infectados com o HIV não sabia ser portador do vírus da Aids.

As conclusões, apresentadas hoje durante o primeiro dia das sessões científicas da Conferência Internacional sobre a Aids, são um indício inquietante de que a epidemia poderia voltar a se desenvolver aceleradamente no país.

Os pesquisadores consultaram 5.719 homens de 15 a 29 anos em boates, clubes, bares e ruas de Baltimore, Dallas, Los Angeles, Miami, Nova York e Seattle, entre 94 e 2000. Dos 573 entrevistados cujos exames deram resultado positivo, 440, cerca de 77%, não sabiam que estavam infectados com o vírus. Aproximadamente a metade deles não tinha feito o exame no último ano e a metade tinha relações sexuais anais sem proteção, de acordo com a pesquisa conduzida pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Cerca de 91% dos homens negros portadores do HIV e 70% dos hispânicos soropositivos não sabiam estar infectados.

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