Em busca do corpo perfeito, muitas pessoas recorrem aos mais exóticos meios para perder peso. Sem qualquer orientação, embarcam em dietas milagrosas e adotam estilos de vida muito perigosos. Um dos hábitos mais freqüentes dos “escravos da balança” é o uso indiscriminado de laxantes. Levadas pela lenda de que seu consumo ajuda no emagrecimento, muita gente acaba usando esse tipo de medicamento como uma válvula de escape da própria culpa. Especialistas alertam: o consumo exagerado de laxantes pode provocar sérias conseqüências à saúde, como desidratação, perda de nutrientes e até problemas cardíacos, quando uso está associado à prática de atividade física.
 
Como um vício, a sedução acontece nos primeiros contatos. Após o uso dos laxativos, a balança mostra uma “animadora” perda de peso. Entretanto, as calorias e gorduras, responsáveis pela obesidade, são absorvidos pelo organismo antes da chegada do bolo alimentar ao intestino. Conseqüentemente, os medicamentos acabam estimulando a eliminação de vitaminas, água e sais minerais, acusando uma diminuição temporária de massa corporal. Segundo o Dr. Flávio Antonio Quilici, professor titular de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da PUC Campinas, a ilusão passageira pode trazer graves conseqüências para a saúde. “Em pessoas que não possuem disfunções intestinais, os laxantes interferem na absorção de nutrientes importantes para o bem-estar dos indivíduos, levando à desidratação e à desnutrição”, afirma.
 
Os laxantes mais utilizados são os irritantes, que agem nas terminações nervosas do intestino. O Dr. Flávio explica que muitas pessoas chegam a consumi-los diariamente. “Esse hábito pode lesar a parede do intestino, gerando uma disfunção intestinal, como a prisão de ventre, por exemplo. Em pessoas que possuem transtornos alimentares, o risco é ainda maior”, diz o médico. Cerca de 30% dos pacientes com bulimia utilizam os chamados “purgantes” para eliminar os alimentos ingeridos. A obsessão em perder peso leva ao consumo compulsivo. “Muitos têm a impressão de que tudo o que se come, sai. Para tornar essa ‘saída’ mais rápida, as pacientes utilizam esses medicamentos”, ressalta o Dr. Flávio.
 
A dependência passa desapercebida. Como muitas pessoas já possuem problemas intestinais, pela falta de orientação médica, agravam o mal pelo uso intenso desse tipo de medicação. “Muitas mulheres que desejam emagrecer a qualquer preço provocam, a médio prazo, graves conseqüências para a saúde. A má absorção de nutrientes pelo organismo pode gerar a perda crônica de potássio e cálcio, provocando fraqueza, dores musculares e paralisia muscular”, sentencia o gastroenterologista.
 
Esse círculo vicioso atinge até mesmo pessoas que consomem laxativos após praticar exercícios físicos. O Dr. Flávio Quilici alerta, no entanto, que essa prática é extremamente perigosa. “O risco de desidratação aumenta e o indivíduo pode até chegar a ter falência cardíaca”, finaliza.

continua após a publicidade