Saúde ruim é causa e conseqüência da pobreza

“A má saúde é ao mesmo tempo uma causa e uma conseqüência da pobreza”, sublinha o informe sobre o estado mundial da população, do Fundo de População da ONU (FPNU).

O documento atribui à má saúde reprodutiva um quinto da carga de doenças que pesa sobre as mulheres nos países em desenvolvimento e em 40% da carga sobre as mulheres da África ao sul do Saara.

“Nos países menos adiantados, a esperança de vida é de apenas 49 anos e uma de cada 10 crianças não chega a completar um ano”, diz o informe e, a esse respeito, sustenta que é de uma chance em 188 a possibilidade de uma mulher latino-americana morrer por causas relacionadas com a maternidade, em comparação com uma chance em 2.976 nos países desenvolvidos.

Além disso, de acordo com um estudo realizado em 31 países, os pobres citaram com maior freqüência a doença entre as causas de terem caído na pobreza. Uma das maiores discrepâncias entre ricos e pobres se registra em questões de saúde reprodutiva, o que se traduz em que as mulheres e as famílias pobres têm menores possibilidades de se livrarem da pobreza.

As mulheres pobres enfrentam um risco de morte durante a gravidez e o parto até 600 vezes superior ao que correm as mulheres nos países desenvolvidos. Uma mulher perde a vida por essas causas a cada minuto, ou seja, mais de meio milhão de mulheres por ano, diz a FPNU.

O risco, ao longo de toda a vida, de uma mulher falecer por causas relacionadas com a maternidade é de 1 em 19 na África, 1 em 132 na Ásia e 1 em 188 na América Latina, em comparação com o índice de 1 em 2.976 nos países desenvolvidos.

Pessoal capacitado para a realização do parto poderia reduzir esses riscos, mas, por exemplo, na Ásia meridional as probabilidades de que os pobres utilizem esses serviços é apenas um décimo das correspondentes aos ricos; no Oriente Médio e no norte da África, menos de um sexto.

Quanto mais pobres são as mulheres, mais jovens começam a procriar. Em muitos países em desenvolvimento, as mulheres se casam e começam a ter filhos entre os 15 e os 19 anos de idade. Na América Latina e no Caribe, assim como na Ásia oriental e no Pacífico, os jovens de lares mais pobres têm filhos em proporção cinco vezes superior à correspondente aos jovens ricos.

Recursos se destinam a cura e não a prevenção

Em geral, em comunidades onde não se adota a planificação familiar e onde as oportunidades são limitadas os investimentos em serviços básicos são apenas uma mera fração do que é necessário.

Os países mais pobres gastam em serviços de saúde apenas US$ 21 anuais por pessoa e grande parte desses recursos se destinam a custosos serviços de cura e não a serviços básicos de prevenção e atenção.

A Comissão sobre Macroeconomia e Saúde (ligada à Organização Mundial da Saúde e ao Banco Mundial) estimou que são necessários recursos adicionais de US$ 30 bilhões anuais e o FPNU sustenta a necessidade de dar prioridade à saúde reprodutiva.

Uma melhor saúde, incluída a saúde reprodutiva, e uma melhor educação contribuem para o crescimento econômico, enquanto a orientação das mulheres as ajuda a proteger sua própria saúde e a de seus filhos, além de ampliar suas opções econômicas.

Voltar ao topo