Roma ? Um dos maiores especialistas da farmacologia italiana expressou críticas contra os remédios usados freqüentemente para prevenir resfriados e gripe. Silvio Garattini, chefe do Instituto de Pesquisas Mario Negri, com sede em Milão, sustentou que as pessoas desperdiçam dinheiro em produtos que contêm vitamina C com a vã esperança de bloquear os vírus próprios do inverno.

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“Existe uma longa tradição em relação a essa crença. Segundo ele, a vitamina C em altas doses é efetiva para evitar a gripe mas, até o momento, nenhuma pesquisa científica conseguiu confirmar isso”, assegurou Garattini.

Segundo ele, mais de 26 milhões de diferentes tipos de vitaminas foram compradas na Itália em 2001 e, em sua maioria, resultaram totalmente “inúteis” na hora de evitar os resfriados.

O farmacologista também advertiu sobre o perigo do uso de antibióticos e de certas dietas com suplementos protéicos que, de acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas, são consumidos por mais de um milhão de italianos.

“Os antibióticos não são necessários no caso das gripes comuns”, explicou Garattini. “Na realidade não atuam de nenhuma maneira para lutar contra os vírus. Ao contrário, pode chegar um momento em que, se são necessários de verdade, não produzem efeito devido a que o corpo já está acostumado a seu uso”.

Garattini, que é membro da Emea, organismo que aprova os novos medicamentos dentro da União Européia, lutou durante muitos anos contra o uso desnecessário de drogas. E também contra a medicina alternativa.

“Desperdiça-se muito dinheiro em ervas e produtos homeopáticos. No entanto, até o momento não existe nenhuma descoberta científica que justifique essas terapias alternativas”, insistiu o farmacologista.

Além disso, ele culpou os meios de comunicação “porque exaltam o suposto poder benéfico de certos elementos homeopáticos, com a idéia de que, se são naturais, devem ser bons. Essa fé cega pode se comparar com a crença em horóscopos”.

Quando lhe perguntam sobre algum tipo de tratamento preventivo para resfriados e gripes, Garattini diz que “o melhor que se pode fazer é seguir uma dieta balanceada, com muitas frutas e verduras. No caso de pessoas idosas, a melhor solução é a vacina, o mais efetivo para os grupos de risco”.

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