O período das chuvas está chegando e, com ele, o perigo de uma nova epidemia de dengue no país.

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Recentemente, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram que os ovos do mosquito aedes aegypti – vetor da doença – tornaram-se mais resistentes e imunes ao cloro e aos inseticidas, conseguindo, assim, sobreviver por até um ano para eclodir nas primeiras chuvas do verão seguinte.

“Essa descoberta reforça a importância do combate aos focos do mosquito”, explica a infectologista do Hospital Samaritano de São Paulo, Daniella Costa de Menezes e Gonçalves.

De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), perto de 70 milhões de pessoas são infectadas anualmente no mundo e, segundo o Ministério da Saúde, quase 500 mil precisam de hospitalização e 20 mil morrem em conseqüência da doença.

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No Brasil, o problema é grave e foi considerado uma epidemia no ano passado. Só no Rio de Janeiro, por exemplo, foram notificados quase 240 mil casos e mais de 170 mortes entre janeiro e outubro deste ano.

A epidemiologista Ângela Maron de Mello, da Divisão de Vigilância Epidemiológica da Fundação Nacional de Saúde, lembra que o combate á dengue é uma responsabilidade dos governos, sejam eles da esfera federal, estadual ou municipal.

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“É um trabalho persistente: vigilância, combate e campanhas educativas”, reconhece. Como os técnicos da vigilância sanitária não podem entrar nas casas das pessoas e impor uma mudança de comportamento, só a atuação conjunta do governo e da população poderá levar ao controle da doença.

Participação de todos

É por isso mesmo que o papel da população é essencial para erradicar a doença do país.

Medidas simples, como não deixar recipientes com água parada, podem evitar a proliferação do problema.

O mosquito precisa de ambientes úmidos e quentes para procriar, principalmente locais com água empoçada como vasos, garrafas ou recipientes que acumulem líquidos.

A dengue é uma doença febril. A pessoa contaminada deve repousar e só tomar medicamentos com orientação médica, pois certas substâncias comumente usadas para tratar os sintomas podem agravar a doença.

Os sintomas da dengue são febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, perda do apetite, manchas e erupções na pele, náusea e dores nos ossos e articulações.

Em casos mais graves, como a dengue hemorrágica, podem surgir sangramentos pela boca e nariz, dores abdominais, vômito e dificuldade para respirar.

Não existem medicamentos antivirais para combater a doença. O tratamento da doença é sintomático, ou seja, apenas para alívio dos sintomas. Porém, é extremamente importante consultar um médico antes de tomar qualquer remédio, pois algumas substâncias tipicamente usadas para tratar febre e dor de cabeça podem agravar o estado de saúde do portador de dengue.

“A indicação é para que o paciente repouse, beba muita água para repor os líquidos perdidos e não tome nenhum medicamento sem o conhecimento do médico”, alerta a infectologista Daniella Costa.

Tipos de dengue

Quando surgem, os sintomas costumam evoluir em três formas clínicas: dengue clássica – similar à gripe; dengue hemorrágica, mais grave, caracterizada por alterações da coagulação sanguínea; e a chamada síndrome do choque associado à dengue, forma raríssima, mas que pode levar à morte se não houver atendimento especializado.

A probabilidade de manifestações hemorrágicas é menor em pessoas infectadas pela primeira vez, sendo mais comum em pessoas que já contraíram a doença anteriormente.

Os sintomas da dengue hemorrágica são semelhantes à ,dengue clássica, até o momento em que a febre desaparece e começam a surgir outros sinais de alerta, como dores abdominais fortes, vômito persistente, pele pálida, sangramentos pelo nariz, boca e gengiva, dificuldade respiratória e perda da consciência.

Conhecendo o inimigo

A fêmea do aedes aegypti para pôr seus ovos é atraída principalmente por recipientes com boca larga, que estejam em locais sombreados. Abaixo, algumas ações da população que podem contribuir para eliminar os criadouros do mosquito e evitar a sua reprodução:

” Não deixar água acumulada em barris, tambores, potes e vasos
” Cobrir ou furar pneus velhos
” Colocar areia grossa em pratos de vasos de flores
” Ensacar e jogar no lixo vasilhames que possam acumular água
” Deixar as garrafas vazias com o bocal para baixo
” Tampar as caixas de água
” Não acumular lixo e detritos
” Utilizar vaporizadores elétricos ao amanhecer e fim de tarde