Osteoporose e fraturas

Principal causa de fraturas em mulheres com mais de 50 anos e homens após os 70 anos, a osteoporose caracteriza-se por um enfraquecimento progressivo dos ossos determinado por alterações tanto na sua qualidade como na sua quantidade. A osteoporose é uma doença silenciosa, inimiga oculta, sendo a fratura, na maioria das vezes, sua primeira manifestação. As fraturas ocorrem na vigência de traumatismos mínimos ou mesmo na ausência de trauma (atraumática).

A osteoporose que se desenvolve após a menopausa é a doença óssea mais comum no mundo, sendo considerada como um problema de saúde pública. Pacientes que já tinham uma fratura osteoporótica sofrem alto risco de ter novas fraturas, risco esse que pode ser diminuído com o tratamento adequado e medidas preventivas.

Uma das principais manifestações clínicas da osteoporose são as fraturas ao nível da coluna vertebral, fêmur, punho, costelas e ombro (úmero proximal), regiões ricas em tecido ósseo esponjoso, o mais atingido pela doença. Se você já sofreu uma fratura nessas regiões, em conseqüência de trauma mínimo, é provável que seus ossos já estejam debilitados.

Um estudo que desenvolvemos no Hospital Universitário Cajuru, envolvendo 2.218 pacientes com 60 ou mais anos de idade e com fratura do fêmur proximal, constatamos que a osteoporose constitui a sua principal causa. Houve predomínio do sexo feminino, 65% dos casos, enquanto 35% eram do sexo masculino. Quanto à cor, 98% dos pacientes eram da cor branca, por ser a osteoporose muito mais freqüente na raça branca.

Quanto à natureza do trauma que motivou a fratura, 86,1% foram devidos a quedas, 11,9% acidentes de trânsito, principalmente atropelamentos, 1,5% em conseqüência de agressões e 0,5% em razão de causas diversas, como maus-tratos. Constatamos que 75,7% das quedas ocorreram na própria casa da vítima, donde se chama atenção para a importância de medidas preventivas, como adequar a moradia às condições do idoso.

Além da osteoporose, os pacientes apresentavam, principalmente, doenças de caráter crônico que colaboraram para a ocorrência das quedas. Do total de pacientes, 94% foram submetidos a tratamento cirúrgico, que é o tipo de procedimento adequado, pois visa à rápida mobilização do paciente, prevenindo complicações decorrentes da permanência no leito (síndrome da imobilização), como a embolia pulmonar, que constitui a principal causa de morte desses pacientes.

A década 2000-2010 foi denominada, pela Organização Mundial da Saúde e Organização das Nações Unidas, como a década dos ossos e articulações, assim como, de 1980-1990 foi a década do coração e de A 1990-2000 a década do cérebro. Nestes 10 anos, haverá maior conscientização sobre a importância da prevenção e reconhecimento precoce das doenças, a par de um avanço nas pesquisas e tratamento a custo mais acessível do que hoje, que é bastante dispendioso, sobretudo para os países em desenvolvimento, como o Brasil.

Quando a osteoporose é detectada, o tratamento feito com orientação médica visa melhorar a qualidade e a resistência óssea, reduzindo, dessa maneira, o risco de fraturas. Basicamente, consiste em uma alimentação apropriada quanto à ingestão de cálcio, prática regular de exercícios físicos que ajudam a formar a massa óssea, exposição adequada ao sol, prevenção de acidentes, principalmente quedas, e uso racional de medicamentos acompanhado pelo médico, o que reduz o impacto da doença sobre a população.

Luiz Bodachne

é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Home page:
http://www.orbit.pucpr.br/jornais

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