O mundo não para de engordar

Estudo divulgado pela revista médica The Lancet aponta que a obesidade praticamente dobrou nos últimos trinta anos, afetando 500 milhões de adultos, sendo as mulheres as mais afetadas.

O excesso de peso é medido de acordo com o índice de massa corporal (IMC), que mede a relação entre o peso e a altura da pessoa. De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o recomendável é o índice abaixo de 24 kg/m2. O Brasil registra a média de 25,8 entre os homens e de 26 entre as mulheres.

A obesidade afeta, mundialmente, 205 milhões de homens e 297 milhões de mulheres, ou seja, 9,8% dos homens do mundo e 13,8% das mulheres. No planeta, quase 1,5 bilhão de adultos registram sobrepeso.

A mudança de hábitos alimentares é a grande culpada por esses números alarmantes que não param de crescer. “A obesidade é um potencial fator de risco para doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e algumas formas de câncer”, destaca o cirurgião especialista em obesidade, Roberto Rizzi.

Prioridade

Entre os países ricos, os Estados Unidos lideram o ranking mundial da obesidade, seguidos pela Nova Zelândia. 

A pequena ilha de Nauru, localizada no Pacífico Sul, com 14 mil habitantes, registrou a maior média de IMC, com 33,9 entre os homens e 35 entre as mulheres.

A ilha já liderava a classificação em 1980, porém com níveis menores. “O governo brasileiro precisa tomar medidas urgentes de prevenção, caso contrário iremos figurar entre os países com a população mais obesa do mundo na próxima pesquisa”, alerta o médico.

Conforme dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo IBGE, o sobrepeso atinge cerca de metade dos adultos em todas as regiões do país, com destaque para o Sul (56,8% dos homens e 51,6% das mulheres) e Sudeste (52,4% dos homens e 48,5% das mulheres).

A obesidade é o segundo maior fator de risco evitável para o câncer, ficando atrás apenas do tabagismo. Também está ligada ao desenvolvimento de um terço dos casos de câncer de útero nas mulheres e 20% dos tumores de esôfago entre os homens.

O levantamento revelou ainda que a população de 20 anos ou mais, o sobrepeso no sexo masculino saltou de 18,5% em 1975 para 50,1% em 2009. No sexo feminino, o avanço foi menos intenso, e o número saltou de 28,7% para 48% no mesmo período.

Cirurgia bariátrica

O número de cirurgias bariátricas no Brasil registrou um grande crescimento na última década, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

O procedimento, indicado no tratamento da obesidade mórbida, foi realizado cinco mil vezes em 1999. Já no ano de 2009, foram realizadas 30 mil cirurgias no país, um aumento de 500% na última década.

Esse crescimento coloca o Brasil na segunda posição do ranking mundial de cirurgias bariátricas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que realiza anualmente 300 mil procedimentos por ano.

“O grande crescimento desse tipo de cirurgia está relacionado ao crescimento da população obesa no país e ao reconhecimento que é um procedimento seguro e eficaz no tratamento da doença”, destaca Rizzi.

Mudanças

A redução do estômago para perda de peso é recomendada quando o IMC é maior que 40kg/m² em pessoas com idade superior a 18 anos, seja homem ou mulher.

O procedimento pode ser recomendado, ainda, se o índice estiver entre 35kg/m² e 40kg/m² e o paciente ser portador de algumas dessas ,enfermidades: diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, hérnia de disco ou outras doenças associadas à obesidade.

Nos casos que o IMC do paciente fica entre 35 e 40 é preciso uma avaliação prévia e individualizada para ver se realmente a cirurgia bariátrica é recomendável.

Sua escolha é a última opção para o paciente que já tentou, sem sucesso, reduzir peso por métodos tradicionais, sem, no entanto, garantir a redução de peso em definitivo. O paciente precisa fazer uma adaptação a sua nova realidade e contar com acompanhamento de profissionais da saúde para se adaptar a sua nova rotina.

Geralmente, depois de três anos 10% dos pacientes começam a engordar novamente, por não adotar um novo estilo de vida saudável. O paciente necessita de um acompanhamento contínuo porque a mudança na dieta e nos hábitos de vida, necessários após a operação, é o que garante a saúde do paciente e a o sucesso na eliminação do sobrepeso.