O motorista idoso e as modificações no organismo

O aumento da população idosa e a melhoria da qualidade de vida deste segmento estão fazendo com que essas pessoas passem a adotar um estilo de vida mais ativo, inclusive dirigindo carros, caminhões e motocicletas, tanto homens quanto mulheres. Por esta razão, passam a sentir o impacto de agentes agressores, como acidentes de tráfego, assaltos, agressões tanto físicas quanto morais, sendo mais vulneráveis aos atos de violência.

Um dos papéis do médico é alertar sobre as modificações que ocorrem no organismo que envelhece e suas limitações, tais como:

Modificações anatômicas e funcionais próprias do processo de envelhecimento, que comprometem a visão, audição, sistema nervoso, com redução da velocidade dos reflexos e um tempo de reação diminuído, e redução da força muscular, principalmente em pessoas sedentárias. A resposta física e mental a estímulos específicos torna-se lenta.

Presença de doenças crônicas associadas à idade, como distúrbios visuais e auditivos; cardiovasculares, como isquemia e arritmia; respiratórias; osteoarticulares, como artrites e artrose que limitam os movimentos; neurológicas, como seqüelas de derrame; doença de Parkinson, transtornos de memória e neuropatias, diabete com suas complicações oculares, vasculares, neurológicas e hipoglicemia, e transtornos psiquiáticos.

Conflitos psicológicos, como preocupações e estado emocional alterado, podem ser causa de acidentes graves.

Uso de medicamentos, como aqueles que causam sedação e tranqüilizantes, pode determinar sonolência diurna, alterações de concentração e dos reflexos. A associação de medicamentos é freqüente em pessoas idosas.

Abuso de bebidas alcoólicas: as pessoas idosas apresentam concentração maior de álcool no sangue, o que aumenta o risco de acidentes. Quando associado a medicamentos, o risco aumenta mesmo com pequenas doses de bebidas alcoólicas.

Todas essas alterações variam de pessoa para pessoa, podendo, ou não, interferir no ato de dirigir. Embora não existam estudos conclusivos sobre a performance do motorista idoso, sabe-se que ele é mais cauteloso, respeita as medidas de segurança e a sinalização e não se excede nos limites de velocidade. É de fundamental importância reconhecer e respeitar as limitações que a idade impõe.

Compete ao médico avaliar os padrões de dirigir da pessoa idosa. Após avaliação médica completa, é fundamental incluir outros profissionais, como assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, quando disponíveis.

Observando rigorosamente a legislação, as medidas preventivas e as condições físicas, a maioria dos acidentes de trânsito pode ser evitada.

Luiz Bodachne

é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.Home page:
http://www.orbit.pucpr.br/jornais

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