O câncer ginecológico sob controle

A engenheira civil Isabel, que reside em Florianópolis, Santa Catarina, aproveitou que o Sistema Único de Saúde (SUS) custeia o tratamento do câncer ginecológico, que usa tecnologia de última geração, para trazer sua mãe à clínica de radioterapia (Clinirad) do Hospital Angelina Caron, na Região Metropolitana de Curitiba. É que o serviço é um dos dois no Paraná a dominar a técnica conhecida por braquiterapia de alta taxa de dosagem (HDR) ? que exige o uso de um equipamento sofisticado, o acelerador linear. O outro é o centro oncológico do Hospital Costa Cavalcanti, de Foz do Iguaçu. A técnica é a opção de escolha para tratamento de diversos tipos de tumores, porém, por enquanto, somente o câncer ginecológico tem seu custo bancado pelo governo.

Dados do Instituto Nacional do Câncer apontam que são registradas no Brasil mais de 4 mil mortes por esse tipo de câncer ? a terceira causa de morte por câncer entre as mulheres. Segundo o radioterapeuta Carlos Lima Júnior, a HDR é uma das principais estratégias de tratamento para reduzir esses indicadores, ocupando um importante papel no tratamento precoce dos cerca de 20 mil novos casos da doença que surgem por ano no país. ?Por sua alta complexidade, a técnica ainda é restrita a um número limitado de centros especializados?, comenta.

Esse tipo de braquiterapia consiste na aplicação de radiação dentro do órgão, possibilitando a cura de até 85% dos casos de câncer de colo de útero. A técnica, controlada por computador, libera a radiação, depois que um físico calcula a dose mais adequada a cada paciente. ?São introduzidas agulhas no períneo. A paciente sente apenas um leve desconforto e as doses são direcionadas apenas para as células tumorais, garantindo maior precisão nos resultados sem afetar órgãos e tecidos sadios?, explica o especialista.

Sem efeitos colaterais

Conforme o diretor da Clinirad e especialista em oncologia, José Carlos Gasparin Pereira, a HDR possibilita o tratamento de várias modalidades de câncer com extrema precisão e em períodos muito curtos de tempo. ?Da entrada da paciente na sala para o procedimento até a sua liberação não dura mais do que uma hora e a paciente sai da clínica andando, retomando, sem maiores problemas, os seus afazeres?, esclarece o radioterapeuta, salientando que o tratamento é finalizado, em média, em quatro sessões. Para a engenheira catarinense, só esse fato já possibilita maior conforto e segurança tanto para o paciente quanto para seus familiares ou cuidadores.

Desde que foi idealizada, há cerca de 100 anos, a braquiterapia ? cuja palavra se origina do grego (brachys = curto; terapia = tratamento), evoluiu consideravelmente devido a intensas pesquisas que resultaram em novos materiais e técnicas de aplicação. No Brasil, chegou somente na década de 1990, desde então conseguindo resultados eficazes. O custo da HDR ainda é relativamente alto, mas, na maioria dos casos, consegue garantir maior sobrevida, com mais qualidade de vida aos portadores da doença. ?A técnica é reconhecidamente simples, mas radical e curativa, não apresentando, normalmente, efeitos colaterais?, ressalta Gasparin.

Essa modalidade não é utilizada como tratamento único. Associada a radioterapia externa e a quimioterapia permite que mulheres tratadas precocemente ? nos estágios iniciais do câncer ? obtenham importantes taxas de cura. Os radioterapeutas elegem a avaliação adequada da paciente como um dos fatores mais importantes para o sucesso no uso da técnica e, conseqüentemente, para eliminar o risco de morte, sempre presente na evolução da enfermidade.

Hora marcada

A clínica de radioterapia do Hospital Angelina Caron recebe pacientes do sistema público de saúde oriundos das várias regiões do Paraná, se destacando pela adoção de um programa de agendamento por telefone que permite ao paciente ser atendido com hora marcada, evitando deslocamentos desnecessários e desgastantes.

Prevenção

O risco de câncer do colo do útero pode ser reduzido em 80% quando a mulher se submete aos exames ginecológicos de prevenção. Segundo os especialistas, todas as mulheres em idade reprodutiva devem procurar um ginecologista para fazer um exame preventivo.

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