Medicamentos proibidos continuam no mercado

Enquanto as pessoas seguem a lei do menor esforço na incessante busca pela beleza e luta contra as gorduras localizadas, o governo tenta conter o que muitos pensam ser milagres estéticos: as injeções emagrecedoras. Entre várias outras substâncias de segurança duvidosa ou sem registro no País, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária já proibiu o Lipostabil (ou fosfatidilcolina), medicamento cardiovascular utilizado em tratamentos estéticos para dissolver as gorduras localizadas.

O desespero é tanto que as soluções rápidas e fáceis não param de aparecer. Em 2004, foi a vez dos polifenóis de alcachofra, que prometem um abdome definido. Porém, em novembro do mesmo ano, a Anvisa suspendeu a importação, fabricação, comércio e uso do produto. "Não há comprovações clínicas sobre o produto. O extrato é natural, mas sendo uma formulação tem outros produtos em sua composição", explica a presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Ruth Graff.

Fiscalização

Desde que a Anvisa proibiu a utilização, a presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica garante que nenhuma clínica utiliza mais o extrato de polifenol de alcachofra. A fiscalização fica por conta da Vigilância Sanitária. "Temos oito unidades em Curitiba, com equipes disponíveis que saem diariamente fazendo vistoria nos estabelecimentos. E não está sendo encontrado mais o produto", afirma Rosana Zappe, coordenadora da Vigilância Sanitária.

Mas questionada sobre os tipos de tratamento para gordura localizada, uma clínica estética do centro de Curitiba confirmou que não trabalhava mais com o produto por questão ética. "Nunca bateu a Vigilância Sanitária aqui para fiscalizar. Eu sei que tem muitos lugares que tiram o rótulo das ampolas. Não é difícil burlar", conta a secretária da clínica.

A reportagem procurou verificar a informação e conseguiu identificar uma clínica, também em Curitiba, que em princípio afirmou não utilizar o polifenol de alcachofra, mas acabou revelando que tinha o produto e que, se conversado, eles poderiam fazer o tratamento. Na internet também é muito fácil encontrar os polifenóis. Cinco ampolas podem ser adquiridas por R$ 90.

Segundo a coordenadora da Vigilância Sanitária de Curitiba, é praticamente impossível localizar os responsáveis pela venda ilegal do extrato e, como ela explica, "nem todos os momentos a gente (da Vigilância) está ali, na hora". (Nájia Furlan, especial para O Estado)

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