Medicamentos manipulados: saúde na medida exata

Foi-se o tempo em que a farmácia de manipulação atendia apenas a algumas especialidades médicas. Hoje em dia é possível manipular praticamente qualquer medicamento. Prática comum na década de 70, a manipulação de medicamentos caiu bastante nos anos 80, com a chegada das grandes indústrias multinacionais. Agora este mercado volta a crescer, impulsionado pela credibilidade conquistada junto à classe médica graças à forte regulamentação do setor, e principalmente pela vantagem econômica: os remédios manipulados geralmente são bem mais baratos que os industrializados.

A principal vantagem está no preço: segundo dados do Conselho Regional de Farmácia (CRF), os medicamentos manipulados chegam a custar 50% mais barato do que os industrializados, apresentando a mesma qualidade. “As farmácias de manipulação do Paraná têm apresentado de maneira geral uma boa qualidade, de modo que os consumidores podem ficar tranqüilos”, afirmou o presidente do CRF, Everson Augusto Krum.

O alto grau de credibilidade que as farmácias de manipulação, também chamadas de Magistrais, (do latim Magister, que significa Maestria) conquistaram junto à classe médica, fez com que a prática se difundisse muito no Brasil. Quem ganha com isso é o consumidor, que tem ao seu alcance um medicamento mais barato e prático, feito especialmente de acordo com suas necessidades.

Devido à personalização das fórmulas, o efeito dessa medicação torna-se mais eficaz, com resultados mais breves e com acompanhamento médico mais imediato. Isto faz com que cada vez mais médicos optem pela manipulação.

Segundo a presidente da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag-PR), Gladis Camargo Cardom, a maior normatização e fiscalização do setor também impulsionaram a utilização desta prática pelos médicos. “Com a criação, no ano 2001, de uma regulamentação que padroniza a atuação das farmácias de manipulação, a classe médica está passando a indicar mais medicamentos manipulados”, afirmou.

Vantagens

O medicamento manipulado apresenta diversas vantagens em relação aos industrializados. Além de ser geralmente mais barato, o ajuste das dosagens é feito de acordo com as necessidades de cada paciente, ou seja, não há sobras. Além de evitar despesas desnecessárias, isso evita o armazenamento de restos de remédios. Casos de envenenamento de crianças com estes remédios são registrados quase que diariamente em qualquer hospital.

A facilidade de administração é outra vantagem: o paciente pode escolher o melhor veículo, e é possível associar princípios ativos compatíveis em um só medicamento, evitando a administração de muitos remédios no tratamento. Pacientes diabéticos, por exemplo, podem solicitar xaropes sem adição de açúcar. Pediatras também podem prescrever medicamentos com aromas e sabores especiais.

A proximidade com o farmacêutico possibilita ao paciente entrar em contato diretamente com o profissional que fez o seu medicamento. Isso proporciona uma relação direta entre o médico, o paciente e o farmacêutico, que certamente agiliza a busca por resultados.

A maior vantagem dos manipulados com certeza é o preço. Livres de despesas com publicidade e propaganda (segundo a Anfarmag, alcançam entre 30% e 40% do faturamento das indústrias), utilizando embalagens, cartonagens e material de divulgação mais barato, as farmácias Magistrais comercializam medicamentos até 10 vezes mais baratos. Outro fator relevante para o alto preço do medicamento industrializado é a pesquisa científica para desenvolvimento de matérias-primas e produtos.

Um mercado em expansão

O grande aumento na procura pelos medicamentos manipulados por parte da classe médica e também dos consumidores fez com que o setor experimentasse um enorme crescimento nos últimos quatro anos. Esta realidade já chega a incomodar as grandes indústrias de medicamentos, e, segundo especialistas, o crescimento do mercado de manipulação de medicamentos está só começando: na Europa, os remédios manipulados são mais da metade do total comercializado.

Segundo dados da Anfarmag, as farmácias de manipulação representam 8% do mercado nacional de medicamentos, o que significa um faturamento de US$ 511 milhões/ano (2001). Para este ano a previsão é atingir US$ 560 milhões, um crescimento de cerca de 10%. São cerca de 5,2 mil farmácias, empregando quase 60 mil pessoas diretamente e outras 228 mil indiretamente.

No Paraná, segundo o Conselho Regional de Farmácia (CRF), são 200 farmácias magistrais, sendo 108 na capital e outras 92 no interior. O setor de Homeopatia conta com 67 farmácias, 39 na capital e 28 no interior. O setor gera mais de 500 empregos diretos e outros 1.500 indiretos.

“O crescimento do setor de manipulação é tão grande que já começa a incomodar as grandes indústrias”, comentou o presidente do CRF, Everson Augusto Krum. Há quatro anos atrás, a participação dos medicamentos manipulados no faturamento total do mercado era de menos de 1%. Atualmente essa participação subiu para 5%. “Imagine as perdas para um mercado que movimenta bilhões de dólares”, comentou Krum.

Segundo Álvaro Calado de Oliveira, consultor de empresas que presta serviços para uma das principais farmácias de Curitiba, “certamente é um mercado em ascensão, pois a procura por fórmulas manipuladas cresce numa escala maior do que a quantidade de novas farmácias”.

Mesmo sendo um grande centro, Curitiba tem um número de farmácias de manipulação que representa menos de 10% do total das farmácias existentes. “Para se ter uma idéia, nos países da Europa a manipulação representa mais da metade do mercado de medicamentos”, comenta Oliveira. De olho neste crescimento, sua empresa, que atua há mais de 20 anos, está se especializando em consultoria econômica e financeira para farmácias de manipulação.

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