Medicamentos manipulados exigem cuidado redobrado

O uso indiscriminado de fórmulas vendidas sem prescrição médica e remédios manipulados para o tratamento de obesidade, é motivo de preocupação entre os especialistas. A venda desses produtos aumenta com a chegada do verão, alavancada pelo sonho do emagrecimento rápido. Entretanto, a composição e qualidade do princípio ativo utilizado em fórmulas manipuladas, bem como os possíveis efeitos colaterais de terapias ditas “naturais”, não são bem conhecidos. Segundo Dr. Marcos Tambascia, professor de Endocrinologia da Universidade de Campinas, podem ocorrer variações na concentração real das substâncias contidas nas cápsulas. “Tenho sempre muita cautela com o medicamento manipulado porque não sei, exatamente, a procedência do princípio ativo que será utilizado,” informa o médico.

O Consenso Latino Americano de Obesidade, documento elaborado por especialistas e que serve como parâmetro para o tratamento da doença em todo o continente, alerta para os riscos de terapias alternativas, não comprovadas cientificamente. Só para se ter uma idéia, a sibutramina (comercializada no Brasil com os nomes de Reductil® ou Plenty®) e vendida somente sob prescrição médica, já foi alvo de mais de cem estudos clínicos. Ao todo, participaram cerca de 12 mil pacientes. O mesmo rigor não é observado com relação a produtos vendidos sem prescrição médica.

De acordo com o Consenso Latino Americano de Obesidade, “a razão fundamental e a base lógica dessas terapias alternativas freqüentemente contêm aplicações errôneas e/ou interpretações pessoais equivocadas de dados da literatura científica.” O documento também recomenda atenção redobrada na hora de comprar compostos ditos “naturais” para o tratamento de obesidade. Os profissionais signatários do Consenso informam que esses produtos podem conter medicações controladas, como anorexiantes e benzodiazepínicos, não divulgadas em seus rótulos, oferecendo grave perigo à saúde pública.

Somente o médico é capaz de indicar o tratamento mais adequado para promover um emagrecimento saudável. “Afinal, o objetivo de um programa de emagrecimento não é, apenas, perder peso mas, também, corrigir as distorções que ocorrem nos hábitos das pessoas,” ressalta Dr. Marcos Tambascia. Terapias medicamentosas costumam ser indicadas para pessoas com índice de massa corpórea (IMC) superior a 30, sinal de que já ultrapassaram a linha da obesidade. Caso contrário, a reeducação alimentar, aliada a um programa de dieta e exercícios continua sendo a alternativa mais saudável para quem quer obter uma silhueta mais enxuta.

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