Maior vilã da anemia infantil é a má alimentação

A falta de tempo dos pais em fornecer a correta alimentação aos filhos, a disponibilidade de produtos industrializados (bolachas, salgadinhos, balas) e a tentação da comida fast food fazem com que as crianças de hoje em dia tenham deficiência de ferro no corpo. A ingestão de vitaminas e nutrientes necessários para um bom desenvolvimento fica prejudicada com uma dieta desequilibrada. O reflexo disso é a anemia, uma doença na qual ocorre a queda da quantidade de sangue da pessoa. O Ministério da Saúde estima que 60% das crianças brasileiras têm o problema.

O ferro é importante porque atua nas hemoglobinas das células vermelhas do sangue, que levam o oxigênio para todas as partes do corpo. Segundo o médico pediatra Guilherme Parise, que trabalha no setor de hematologia do Hospital Pequeno Príncipe, há tipos de anemia geradas por fatores genéticos e que precisam ser tratados durante toda a vida.

Mas a causa mais comum da doença é a falta de ferro. “O bebê quando nasce tem uma reserva de ferro vinda da mãe. A quantidade depende do tipo de alimentação da gestante. Durante a amamentação, esse nível permanece o mesmo”, comenta. “Mas quando a criança começa a ingerir outros alimentos, nem sempre a comida contém ferro. Os níveis vão caindo até caracterizar a anemia”, explica Parise. Ele informa que a maior incidência ocorre justamente nessa fase, entre os seis meses e dois anos de vida.

Os pais podem detectar a anemia dos filhos quando eles estão pálidos (verificando na palma da mão), não ganham peso, não crescem, dormem demais e se cansam facilmente. Ocorre também a dificuldade na aprendizagem. Os médicos tratam a anemia com doses concentradas de ferro.

Alimentação

O tipo de alimentação das crianças de hoje é considerada o maior vilão da anemia. “As bolachas e os salgadinhos não contêm ferro e tiram a fome para a comida de sal. Além disso, uma parcela da população não consegue consumir carne vermelha, uma das fontes mais ricas de ferro”, esclarece Parise.

O médico nutrólogo e diretor presidente da Integralmédica, de São Paulo, Euclésio Bragança, explica que o percentual de crianças de classes sociais mais altas com anemia é muito grande. A falta de tempo para as refeições e os fast foods não permitem a absorção de ferro e outros nutrientes. “Ali não tem nada, somente alta concentração calórica e deficiência em minerais e vitaminas. O sanduíche é desequlibrado; o refrigerante, puro açúcar”, avalia. “Almoçar e jantar em casa é o ideal, mas sabemos que isso é praticamente impossível. Assim, não se pode relaxar e é preciso complementar com o uso de suplementos alimentares”, indica.

Como prevenção, os especialistas propõem o consumo de carnes, principalmente a vermelha, miúdos, fígado, feijão, melaço, frutas secas e verduras. Eles orientam ainda o preparo dos alimentos em panelas de ferro, para ajudar a evitar o problema.

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