A disfunção sexual feminina é um mito criado pela indústria farmacêutica para ganhar dinheiro e conquistar um novo mercado consumidor depois do sucesso do Viagra, a pílula contra a impotência masculina, que tem permitido à Pfizer faturar cerca de 1,6 bilhão de euros anuais. A denúncia foi feita pelo “British Medical Journal”, que chegou a essa conclusão depois de ouvir especialistas em frigidez feminina.

Segundo a publicação, pesquisadores ligados à indústria farmacêutica estão trabalhando com colegas médicos dessas empresas para estabelecer uma nova categoria de doença, a disfunção sexual feminina. “Basta atentar para o enorme número de congressos dedicados ao assunto. Entre 1997 e 2000 foram realizados sete congressos científicos sobre o tema, a esmagadora maioria deles financiada pelas empresas farmacêuticas, que estão competindo na produção de medicamentos destinados a estimular o apetite sexual das mulheres, como o chamado “Viagra rosa”. Em um desses congressos, 18 dos 19 pesquisadores que apresentaram estudos sobre o assunto eram ligados à indústria farmacêutica”, constata o “British Medical Journal”. A publicação questiona pesquisas apresentadas pela indústria farmacêutica dando conta de que 43% das mulheres sofrem de disfunção sexual contra 31% dos homens. Essa pesquisa, segundo a revista, foi conduzida de forma a oferecer tal resultado, uma vez que bastava a pesquisada – foram ouvidas 1.500 mulheres – responder a uma única pergunta do questionário apresentado sobre comportamento sexual para ser catalogada como padecendo de alguma disfunção sexual.

O “British Medical Journal” diz concordar com a análise de diversos especialistas. Para eles, o fato de muitas mulheres apresentarem uma vez ou outra certo desinteresse por sexo não significa que necessariamente estejam sofrendo de alguma disfunção sexual. A conclusão da publicação é que a indústria farmacêutica está distorcendo a sexualidade feminina para ganhar mais dinheiro, embora as empresas desse setor neguem qualquer conotação nesse sentido.

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