Incontinência urinária atinge 10% dos brasileiros

Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que 10% da população brasileira ? 18 milhões de pessoas ? sofrem de incontinência urinária (perda involuntária de urina). Deste total, 70% são mulheres, principalmente as que estão no pós-parto, menopausa ou atletas. As novidades no tratamento da doença estão sendo discutidos em Curitiba no 2.º Curso Internacional Brasil-França de Incontinência Urinária, promovido pela Associação Brasileira de Ajuda e Formação Sobre Incontinência Urinária (Abafi) e pela Ecole Internacionale Rééducation Plancher Pelvien, da França.

A fisioterapeuta e especialista em uroginecologia Maura Seleme explica que o curso visa capacitar profissionais para atuar na área, pois segundo ela, existe uma demanda de 5 mil a 8 mil fisioterapeutas no Brasil para o tratamento da doença. A especialista comenta que o País está começando a despertar para a necessidade de se tratar o problema, bem como, de mecanismos de prevenção. Na Europa, ressalta Maura, o governo cobre os gastos com sessões de fisioterapia para mulheres no pós-parto. “Com isso conseguiram sensível redução nos gastos com tratamento em idosos”, afirmou.

Apesar da incontinência urinária ser uma doença que predomina após os 60 anos, ela também pode ser identificada em pessoas mais jovens, “e até mesmo em crianças, como é o caso perda da urina durante à noite”, explica Maura Seleme. As mulheres respondem pelo maior número de casos em função da anatomia, pois seus órgãos genitais são internos e tem uma fenda vaginal, o que fragiliza o períneo. “Quando a mulher envelhece, o músculo enfraquece perdendo massa muscular, levando ao enfraquecimento da bexiga e queda do útero”, diz a especialista. Essa alteração também é acentuada na menopausa pela alteração hormonal. Já as parturientes ? que tiveram parto normal ou cesariana ? podem desenvolver a doença em função da flacidez abdominal e peso do bebê.

A prática de exercícios de forma inadequada também pode ser uma das causas do aparecimento da doença. Maura Seleme explica que principalmente durante a realização de abdominais muitas pessoas acabam fortalecendo o abdômen e forçando o períneo. “O correto é fazer o fortalecimento dos dois órgãos, sempre se exercitando com as pernas para o alto”, explica a fisioterapeuta, acrescentando que as gestantes não devem fazer abdominal antes de avaliar as condições do perínio.

Tratamento

Os tratamentos para a incontinência urinária vão desde medicamentos, cirurgias, fisioterapia, terapias comportamentais e exercícios específicos. Para os idosos, normalmente não se recomenda cirurgia e sim tratamento com medicamentos e reeducação funcional. “O primeiro tratamento a ser colocado em prática é a reeducação funcional, que consiste em estimular e fortalecer os músculos, possibilitando a cura de certos incontinentes, antes considerados incuráveis. Mas existem casos em que é necessário fazer acompanhamento com remédios e até recorrer à cirurgia corretiva”, afirma Maura.

A ginástica hipopressiva é dos tratamentos específicos, através do qual se fortalece o abdômen, tonifica a musculatura perineal e reposiciona a junção cérvico-uretral (entre a uretra e a bexiga). Essa ginástica consiste em movimentos simples que, uma vez ensinados pelo fisioterapeuta, podem ser repetidos pelo paciente em casa, todos os dias.

Além da ginástica, Maura Seleme destaca que existe uma tecnologia informatizada, na qual é possível analisar a força muscular e o tipo de concentração que o paciente consegue executar. Após avaliação com o auxílio de sonda, o tratamento é desenvolvido pelo computador. “Essas novas técnicas têm trazido resultados muito positivos. Pacientes que costumavam utilizar de 10 a 20 fraldas por dia, submetidos ao tratamento, passam a utilizar somente uma fralda durante a noite, para prevenção”, finaliza.

Voltar ao topo