Identificada célula capaz de reverter diabetes tipo1

Washington

  – Cientistas americanos descobriram um tratamento extremamente promissor para o diabetes do tipo 1, revertendo a doença em camundongos. No diabetes do tipo 1, também conhecido como diabetes juvenil, o sistema de defesa do organismo destrói as células do pâncreas, onde é produzida insulina, substância fundamental à transformação da glicose circulante no sangue em energia. Portadores da doença se vêem obrigados a tomar injeções de insulina para sobreviver.

Em um artigo publicado na edição da revista Science de ontem, Dia Mundial do Diabetes, uma equipe do Hospital Geral de Massachusetts diz ter identificado um tipo de célula do baço que é precursora das ilhotas do pâncreas, como são chamadas as células produtoras de insulina.

Os cientistas querem iniciar brevemente os testes em seres humanos. “Descobrimos que é possível regenerar rapidamente as ilhotas a partir de células precursoras adultas, algo que muitos pensavam que não se podia fazer”, disse a médica Denise Faustman, principal autora da pesquisa e diretora do Laboratório de Imunologia do Hospital Geral de Massachusetts.

A mesma equipe já havia conseguido resultados com camundongos e injeções de células-tronco do baço, mostrando que o método poderia reeducar o sistema imunológico dos animais. A intenção era, em seguida, realizar um transplante de ilhotas do pâncreas. Foi quando os cientistas perceberam que isso não seria preciso em alguns animais, em que surgiram novas células produtoras de insulina. A nova pesquisa vai muito além, ao mostra que apenas um tipo de células do baço tem esse efeito. A identificação de uma célula precursora das ilhotas é um avanço fundamental para se desenvolver um tratamento para seres humanos. Até agora não se acreditava que era possível ao organismo regenerar as ilhotas. A grande aposta das pesquisas por isso era o trabalho com células-tronco de embriões. As células do baço precursoras das ilhotas se distinguem das demais do órgão porque lhes falta uma substância designada CD45.

“As células sem CD45 são as precursoras das ilhotas pancreáticas. Elas conferem ao baço uma função distinta que não havia sido previamente identificada”, disse Denise Faustman.

300 mil morrem por ano na AL

Washington 

– A diabetes mata 300 mil pessoas por ano na América Latina e no Caribe, muito mais do que sugerem os registros oficiais, alertou a Organização Pan- Americana de Saúde (Opas). Segundo estimativas da entidade, a doença consome US$ 6,7 milhões por ano em tratamentos médicos.

As estatísticas oficiais dizem que a diabetes causa 45 mil mortes por ano na América Latina, mas o cálculo é conservador, acusa um relatório da Opas divulgado ontem, Dia Mundial da Diabetes.

A Opas estima que 20 milhões de latino-americanos -ou uma em cada 26 pessoas -padecem de diabetes, o que faz deste um dos maiores problemas de saúde da Região. Segundo projeções da organização, em 2025, o número de diabéticos duplicará na região, se não forem realizados programas eficazes de prevenção.

OMS prevê explosão nos países pobres

Genebra  – Uma explosão no número de casos de diabetes vai se somar aos graves problemas de saúde dos países em desenvolvimento nas próximas décadas, prevê a Organização Mundial de Saúde (OMS) em um documento divulgado ontem.

O crescimento da população e mudanças na alimentação pode levar o número de portadores da doença a dobrar nos países não desenvolvidos. Serão 285 milhões de diabéticos, em lugar dos atuais 115 milhões, calcula a agência da ONU.

“Enquanto os países lutam para abordar problemas como aids, malária e tuberculose, também precisam se preparar para lidar com o assalto das doenças que vêm com mudanças de estilo de vida e com o envelhecimento”, disse a vice-diretora da OMS, Catherine Le Gales-Camus.

A diabetes, quadro em que a glicose circulante no sangue se eleva perigosamente, pode levar a insuficiência renal, cegueira e problemas de circulação que forçam a amputação de membros.

Em um comunicado para marcar o Dia Mundial da Diabetes, a OMS disse que está aumentando os esforços para ajudar países em desenvolvimento a combater o risco crescente da diabetes, através de programas informativos que elevem a consciência da população sobre a necessidade de dieta balanceada e exercícios.

O número de casos de diabetes no mundo saltou para 30 milhões para 170 milhões nos últimos 20 anos, devido a má alimentação, obesidade e sedentarismo. A OMS estima que a doença mate 800 mil pessoas por ano.

Segundo as estimativas da entidade, a maioria dos diabéticos nos países desenvolvidos terá mais de 64 anos em 2030. Nos países em desenvolvimento, porém, a maioria terá 45 a 65 anos, uma idade considerada ainda altamente produtiva.

Doença leva à insuficiência renal crônica

O diabetes é a doença que mais leva à insuficiência renal crônica, informa o médico nefrologista e diretor do Setor de Ciências da Saúde do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, Rogério Mulinari. Ontem, no Dia Mundial do Diabetes, ele proferiu, em Curitiba, a palestra “Como Proteger o Rim do Diabetes” a estudantes, membros da comunidade e profissionais de saúde.

O diabetes é uma doença crônica e caracterizada pelo mau funcionamento do pâncreas, que passa a produzir uma quantidade insuficiente de insulina. De acordo com os números da ONU, são 115 milhões de diabéticos em todo o mundo. Novos estudos, porém, apontam para números bem mais elevados.

“Trinta e cinco por cento dos portadores de diabetes desenvolvem problemas renais. Isso acontece porque o diabetes é uma doença que ataca os vasos sangüíneos de um modo geral. O rim, assim como o coração, o cérebro e todo sistema arterial, acaba sendo afetado”, explica Rogério.

Nos rins, o diabetes promove uma perda de proteínas na urina. Este, segundo o médico nefrologista, é o primeiro indicativo de doença renal. “As doenças renais evoluem de forma progressiva. Em geral, aparecem quinze ou vinte anos depois do diabetes”, explica. “As insuficiências renais causadas pelo diabetes são as que mais levam as pessoas a precisarem de diálise e transplante”.

Cuidados

A diálise e o transplante são indicados na fase final do problema, quando os diabéticos não tomam certos cuidados para evitar a progressão da doença renal. O cuidado com os rins pode ser feito através do controle da taxa de glicemia (açúcar no sangue) e da pressão arterial. Os diabéticos também não devem fumar, pois o cigarro está diretamente ligado ao agravamento das doenças vasculares.

Para descobrir se tem diabetes e evitar futuros problemas renais, Rogério aconselha as pessoas, principalmente àquelas que têm histórico familiar de diabetes, a fazerem periodicamente o teste de glicemia, no qual é tirado uma gotinha de sangue do dedo, e, de seis em seis meses, realizarem a medição da pressão arterial. (Cintia Végas)

Feira divulgou testes e prevenção

Como parte do Dia Mundial do Diabetes, o Sesc Centro, o Hospital Evangélico de Curitiba e a Universidade Tuiuti do Paraná realizaram a II Feira de Educação e Conhecimento em Diabetes, que faz parte do Projeto Doce. A feira aconteceu das 9 às 17h, no Ginásio de Esportes da rua Pedro Ivo, no número 755. No local, foi realizada triagem de diabetes, teste de glicemia, acompanhamento da pressão arterial, avaliação do pé do diabético. Também foram dadas orientações sobre nefropatia diabética e ensinados exercícios e técnicas de relaxamento.

“O projeto pretende incentivar a detecção, prevenção e educação em diabetes, contribuindo assim para uma melhor qualidade de vida para as pessoas portadoras de diabetes e para a população em geral”, informam responsáveis pelo Sesc Centro.

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