Finlandeses apresentam exercício contra a LER

Uma simples caminhada com o uso de dois bastões (utilizados para caminhadas na neve) pode amenizar as dores dos profissionais portadores de LER/Dort (lesões por esforços repetitivos/desordens músculo-esqueléticas relacionadas ao trabalho). O exercício, inédito no Brasil, foi apresentado ontem, em Foz do Iguaçu, para marcar o Dia Internacional de Combate a LER/Dort.

A técnica foi apresentada pelo presidente mundial da International Commission on Occupational Health (Icoh), Jorman Rantenen, e por Jukka Takala, ambos do Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia. Desenvolvido há cinco anos, o exercício combina caminhada acelerada com o apoio das mãos nos bastões e provoca o movimento simultâneo de pernas e braços, fazendo com que os músculos destes membros se descontraiam. É indicado, principalmente para os profissionais que fazem uso excessivo do trabalho com computadores.

A técnica já é utilizada, com sucesso, por mais de 1 milhão de trabalhadores na Finlândia e começa a ser implantada nos países da Escandinávia e nos EUA. O exercício pode ser praticado diariamente, de 30 minutos a uma hora, em qualquer período do dia. “Não há contra-indicação e pode ser usado por todas as pessoas, de qualquer idade”, afirmou Rantenen.

Enquanto a técnica não chega ao Brasil, Rantenen disse que o exercício pode ser adaptado. Para isto, recomendou a substituição dos bastões de neve por bastões de bambu, material, segundo ele, mais apropriado para apoiar as mãos durante a caminhada. O bambu tem flexibilidade semelhante aos bastões de neve e deve ter altura suficiente para que o antebraço forme um ângulo de noventa graus.

Rantenen afirmou que o Instituto de Saúde Ocupacional da Finlândia continua a realizar pesquisas para medir os benefícios do exercício em todo o corpo. Segundo ele, a técnica já comprovou que reduz as dores da coluna cervical, comum nos profissionais que ficam sentados por muito tempo na frente dos computadores.

Situação no Brasil

As LER/Dort são as principais doenças ocupacionais no Brasil, onde atingem cerca de 10% da mão-de-obra formal, o que corresponde a quase 7 milhões de trabalhadores numa projeção extra-oficial. Elas foram reconhecidas como doenças ocupacionais pela Previdência Social em 1987.

Atualmente, as LER/Dort são consideradas doenças tão graves tão quanto o câncer ou doenças cardiovasculares. As principais causas são repetitividade de movimento; emprego excessivo de força no movimento; postura inadequada; ausência ou má distribuição de períodos de pausa. Os trabalhadores das indústrias metal-mecânica, eletrônica, construção civil, frigorífica e de confecção, bancários e jornalistas estão entre os que mais correm risco de contrair a doença.

Na Itália quase 1,5 milhão num universo de 23 milhões de trabalhadores têm LER/Dort. Nos EUA o número chega a 4 milhões, na Alemanha, 3 milhões e na região da Escandinávia, 1 milhão de trabalhadores.

Voltar ao topo