Fase da solteirice ajuda a ter certeza das escolhas

O ator Bruce Willis e a namorada, Emma Heming - Foto: Getty Images

Certamente, Willis não partilha sozinho deste sentimento. Só em 2007, no Brasil, foram realizados mais de 916 mil casamentos no civil, de acordo com dados divulgados no relatório mais recente do IBGE, do no passado. Sendo que, a média de idade dos homens que decidiram dizer o “sim” é de 32 anos, enquanto a das mulheres é de 28 anos. Os números de seguidores cresceriam se contabilizássemos a turma dos homens e mulheres que buscam avidamente por sua cara metade, de forma declarada ou não.

Por outro lado, há a turma dos solteiros que garantem: solteirice e solidão são duas coisas bem diferentes. E não arredam o pé deste território. Eles expõem as vantagens de ser livre, leve e solto. 

Para entender o cenário casados X solteiros, Monezi explica que somos guiados pelos chamados instintos biopsicossociais, são eles que expõem ao outro nossas reações biológicas, psicológicas e emocionais diante de fatores externos. Logo, quando o ambiente muda, há uma transformação na nossa maneira de pensar. “A sociedade mudou e nós mudamos também, não só nos pensamentos e nos hábitos, nosso corpo também se adaptou.

Se por um lado o amor deixou de ser visto como algo obrigatoriamente registrado em cartório e os laços afetivos deixaram de depender de juras de amor eterno, por outro, deixamos de levar o amor a sério a ponto de tentarmos nos entregar por completo a uma relação”, diz o especialista. 

Muitas paixões

“A maior vantagem de ser solteiro é a ausência de comprometimento. Posso me apaixonar diversas vezes sem ter toda aquela burocracia sentimental de um casal convencional. Apenas aproveito a parte mais divertida das pessoas e dedico mais tempo as coisas de que eu realmente gosto, o que normalmente gera brigas em um relacionamento estável”. (Moises Correa, 29 anos, programador de sistemas)

Ricardo Monezi explica que há um lado superpositivo, principalmente para as mulheres , nesta nova visão da solteirice. “Agora, elas não precisam se sentir pressionadas a casar e ter filhos. Podem curtir a vida sem tantas cobranças”, explica o terapeuta. “Além disso, as pessoas têm a chance de experimentar mais, de viver as sensações sem culpas, porém, quando a experimentação se torna o único objetivo, deixamos de amar as pessoas e amamos a quantidade de relações que podemos expor para os amigos”, continua ele.

“Para os solteiros convictos, o ideal é vivenciar novas experiências sem se fechar para um amor fixo. O contraponto é que as pessoas podem acabar cheias de casos para contar, mas pobres de amores sinceros e verdadeiros”, diz o terapeuta. Para os solteiros e solteiras, que um dia (mesmo que num futuro distante) pensam em dividir o mesmo teto com alguém, a “pesquisa de campo” não deixa de ser benéfica.

“É necessário curtir esta fase como uma espécie de experimentação para ter parâmetro de escolhas lá na frente”, explica o terapeuta Ricardo Monezi, especialista em fisiologia do comportamento. Porém, conforme o especialista coloca, se estendida ou mal administrada, esta fase pode trazer frustração e ansiedade, uma combinação perigosa para o futuro amoroso. “Às vezes, a pessoa fica tanto tempo tentando reunir parâmetros, que se torna exigente demais e procura a perfeição que não existe”, continua o terapeuta.  

Não devo nada a ninguém
“O mais proveitoso em ser solteiro, é o fato de não precisar dar nenhum tipo de satisfação para ninguém quando vou sair ou viajar, por exemplo. Muitos casais são liberais nesse quesito, principalmente os que namoram à distância. É só avisar e pronto, é questão de confiança. Já para outros, passar alguns momentos com os amigos, jogando conversa fora é motivo de briga e discussão”. (Maraísa Bueno Ferreira, 24 anos, jornalista)

Para o terapeuta Ricardo Monezi, o lado positivo de não ter que dar satisfações é poder ser dono de sua própria vida, governar seu próprio destino, porém, se isso é uma vantagem, de alguma maneira, pode também se transformar em um incômodo para aqueles que não sabem administrar muito bem seu caminho: “é muito bom se sentir dono de si mesmo e fazer o que quiser.

O problema aparece quando percebemos que isso implica em assumir nossos erros e acertos já que não dá para dividir responsabilidades e frustrações com ninguém”, explica o terapeuta. “Outra desvantagem é o fato de que não ter ninguém para dar satisfações, significa não ter ninguém a nossa espera, uma situação que se prolongada em demasia pode causar um vazio tremendo e até levar ao estresse emocional e a uma depressão”, continua.