Estresse, indisciplina e doenças cardiovasculares

Dos órgãos que fazem parte do corpo humano, o coração é um dos mais vulneráveis aos efeitos das tensões diárias. Quando crônico, o estresse constitui, ao lado da hipertensão arterial, níveis elevados de gordura no sangue. Tabagismo, diabete melito fora de controle e obesidade são outros importantes fatores de risco para o aparecimento de doenças do aparelho cardiovascular. Tido por muitos como o mal do século XXI, o estresse pode ser definido como um conjunto de reações inespecíficas que o organismo desenvolve em frente a situações que exigem esforço de adaptação.

Considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como doença em sua forma crônica, seus efeitos são, além de cumulativos, proporcionais à intensidade e duração da solicitação e da capacidade de reação do organismo. Afeta todos os seres vivos, sendo os agentes estressantes de natureza física, química, biológica, emocional, ambiental e social.

Com o estresse em níveis elevados, o corpo dá sinais de alerta. Para o lado do aparelho cardiovascular, as principais alterações vão desde taquicardia, arritmias cardíacas e hipertensão arterial, até infarto agudo do miocárdio ou derrame cerebral. Ainda, poderão ocorrer sintomas físicos, como suor excessivo, tensão e dores musculares, crises de enxaqueca, úlcera e gastrite, redução da imunidade com maior propensão a infecções, envelhecimento precoce; e sintomas emocionais, como ansiedade, agressividade, insegurança, falta de motivação, alteração do humor, tiques nervosos e distúrbios do sono, entre outros.

Para a prevenção, é fundamental buscar atitudes e atividades que promovam equilíbrio entre o corpo e a mente. Disciplina é a palavra-chave.

Algumas dicas:

* Evite situações que causem estresse desnecessário, como excesso de trabalho, assumir vários compromissos ao mesmo dia, emoções fortes, fazer tudo de uma vez;

* Pratique atividade física regular, visto que as endorfinas liberadas na circulação sangüínea pelo sistema nervoso durante os exercícios funcionam como atenuantes das tensões determinadas pelo estresse;

* Pela mesma razão, procure executar técnicas e atividades voltadas ao relaxamento e bem-estar, como taichi-chuan, iôga, aichi, ofurô, brema, watsu ou sessão de alongamento e relaxamento (ginástica anti-estresse);

* Hobbies, arte e música são boas ferramentas anti-estresse;

* Exercite a espiritualidade. Pessoas que freqüentam regularmente a igreja e o fazem com fé apresentam menor carga de estresse, além de propiciar conforto, segurança, paz, bem-estar, vida longa e saudável;

* Durante o período de estresse é importante fazer a suplementação nutricional. Podem ser utilizados multivitamínicos que contenham complexo B, vitamina C, cálcio e magnésio, visando reforçar as defesas do organismo e garantir a sua recuperação;

* Solicite ajuda sempre que julgar necessário.

Luiz Bodachne

é médico-geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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