A epilepsia é considerada uma das doenças neurológicas mais frequentes no mundo.

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Segundo pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) o distúrbio afeta cerca de 4 milhões de pessoas apenas no Brasil – aproximadamente 2% da população.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre janeiro e maio de 2009, cerca de 17 mil pessoas foram internadas na rede pública de saúde em decorrência da epilepsia.

A doença, que é uma alteração na atividade elétrica do cérebro, temporária e reversível, produz manifestações motoras, sensitivas, sensoriais, psíquicas ou neurovegetativas. Entretanto, não são considerados casos de epilepsia convulsões causadas por febre, drogas ou distúrbios metabólicos, já que devem ser classificados diferentemente.

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A neurologista Joyce Macedo explica que sofrer de crises epilépticas não significa o mesmo que ter epilepsia, pois existem muitas situações que provocam crises isoladas enquanto persiste o estímulo nocivo, como uso de drogas, infecções como meningites, parasitas cerebrais, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral (AVC), dentre outros. “Para diagnóstico da doença é necessário que o estímulo nocivo seja corrigido e, mesmo assim, haja persistência das crises epilépticas”, reconhece.

A especialista ressalta que o cérebro funciona “movido” por eletricidade das células neuronais em um equilíbrio dinâmico. Quando algum fator ou interno ou externo desequilibra essa transmissão, ocorre uma descarga elétrica anormal e excessiva que é chamada de crise epiléptica, com diferentes locais geradores e diferentes dimensões.

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Ataque epilético

As crises são divididas em focais e generalizadas. São chamadas de crises focais devido ao início localizado e podem comprometer ou não a consciência. Quando não compromete a consciência, o paciente percebe alguma sensação ou movimento específico, dependendo da região que origina a crise.

Quando compromete a consciência (crises discognitivas), o paciente está acordado, porém confuso, tem uma parada comportamental, muda de fisionomia, faz movimentos sem sentido e não se recorda dos atos realizados, que são repetitivos e sempre estereotipados.

“As crises focais podem se difundir por amplas áreas do córtex cerebral e se transformar em crises generalizadas, isto é, em convulsão, mais conhecida popularmente, como ataque epiléptico”, explica a médica.

Porém, há crises que desde o início abrangem muitas áreas simultâneas, essas são chamadas de primariamente generalizadas. “Os sintomas variam de acordo com o tipo de crise, como por exemplo, as mioclonias se assemelham a choques e ocorrem mais com o paciente cansado ou poucas horas após o despertar”, esclarece Joyce Macedo.

Nas crises de ausência, há uma parada comportamental associada à “piscamentos” e desvio dos olhos para cima, com duração e recuperação rápidas (segundos).

Vida normal

Conforme o neurocirurgião Marlus Moro, em geral, as crises são facilmente controláveis, desde que adequadamente medicadas. De acordo com o médico, a mais frequente é a chamada crise parcial ou psicomotora, que se caracteriza por instantes de inconsciência, associada aos movimentos desordenados de membros. Essas crises, respondem menos favoravelmente às medicações e, ocasionalmente, podem ser refratárias a qualquer tratamento anticonvulsivante.

O tratamento medicamentoso é sempre indicado, desde que as crises se tornem frequentes. “Cerca de 7% da população têm uma crise convulsiva durante a vida, e em 80% desses pacientes o tratamento é efetivo e satisfatório”, observa Moro. Aqueles que não se enquadram nesse perfil pertencem a um grupo chamado de “pacientes refratários”.

Por não obter o controle medicamentoso de suas crises, essa parcela da população tem comprometido o seu bem-estar e, freqüentemente, impedidos de exercer suas atividades profissionais e sociais, normalmente.

Joyce Macedo ressalta que a ep,ilepsia não é doença contagiosa e não levam ao retardo mental. Portanto, seus portadores podem e precisam trabalhar, ter filhos, estudar, enfim, ter uma vida normal como as outras pessoas.

“A dificuldade social que eles apresentam devido ao grande estigma que a afecção leva consigo, gera problemas mais amplos como depressão, baixa auto-estima e desempregos”, conclui.

Durante as crises

* Mantenha-se calmo e tente acalmar as pessoas ao redor.

* Não coloque absolutamente nada na boca do paciente. Ele não pode ingerir ou cheirar nada durante a convulsão.

* A convulsão tem três fases: endurecimento geral, movimentos repetitivos e relaxamento. Nesta última fase, deve-se virar o paciente de lado, pois nesse momento o mesmo apresenta muita secreção pulmonar e salivação, podendo passar por dificuldade para respirar.

* Não tente manipular ou imobilizar o paciente, você pode provocar contusões e fraturas nele.

* Espere o paciente recuperar a consciência e sente-o. Faça perguntas simples “como qual é o seu nome”, “aponte para a porta”.

* Deixe-o dormir, pois ocorrerá sonolência e fadiga após uma convulsão.

* Leve ao hospital se a convulsão teve duração superior a cinco minutos ou se houve alguma queda importante.

Fatores

Em alguns pacientes, as crises de epilepsia são desencadeadas por:

* Exposição à iluminação intermitente

* Alguns tipos de ruídos

* Leitura por períodos prolongados

* Privação de sono

* Fadiga

* Uso de álcool

* Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue)

* Além destes, a ingestão de álcool, determinados medicamentos ou ingredientes alimentares podem interagir com as drogas antiepilépticas e precipitar crises

Fonte: Liga Brasileira de Epilepsia