Segundo o pesquisador, mesmo os homens sendo as principais vítimas de doenças crônicas e de problemas de saúde que podem levar à morte, a procura pelos serviços de atenção primária à saúde por eles ainda é muito baixa, comparada à de mulheres. Para os homens de baixa escolaridade pesquisados, os horários de funcionamento dos serviços públicos de saúde, que coincidem com o horário do expediente, e a falta de serviços especializados dificultam a procura por consultas médicas e exames preventivos. Já para aqueles com maior nível de escolaridade, talvez pelo fato de terem maior renda e possibilidade de acesso aos planos de saúde, não apresentaram esses motivos. Entretanto, mesmo considerando que deveriam cuidar de sua saúde, afirmaram que nem sempre agem de acordo com essa idéia.
Romeu Gomes explica que a maioria dos homens, independente do grau de escolaridade, defende a influência dos aspectos morais, éticos e culturais, que rejeitam comportamentos tidos como femininos. "Muitos homens têm dificuldade de expor os sentimentos, pois falar de seus problemas de saúde pode significar uma demonstração de fraqueza pe-rante os outros", diz.
Outros motivos relatados por ambos os grupos se relaciona ao medo de descobrir uma doença grave e a vergonha de expor o corpo perante o profissional de saúde, o que não acontece tanto com as mulheres, que são estimuladas a freqüentar o ginecologista desde cedo. "Os serviços de saúde não estão voltados para a saúde do homem, além disso, a nossa cultura vê o homem como ser invulnerável, o que acaba contribuindo para que ele se cuide menos e mais se exponha às situações de risco", ressalta o pesquisador.