Doenças cardiovasculares podem ser evitadas também com medicamentos

Adotar estilo de vida saudável, controlar a pressão arterial e o colesterol, fazer exercícios físicos regularmente e não fumar são recomendações dadas hoje a qualquer paciente com mais de 20 anos de idade para prevenir doenças cardiovasculares. O que é pouco difundido, porém, é que para pacientes de risco mais elevado a prevenção deve ser feita também com o uso de medicamentos. No dia 16 de julho, foram amplamente divulgadas pela Associação Americana do Coração as últimas diretrizes para a prevenção de doenças cardíacas e derrame cerebral. A Associação aponta a necessidade de as pessoas adotarem um estilo de vida saudável cada vez mais cedo. A idade para o início da prevenção passou dos 40 para os 20 anos devido ao número de vítimas jovens ser cada vez maior. E, para pacientes de risco (quem apresenta pressão alta, colesterol alto, diabetes, tabagismo, estresse, sedentarismo, obesidade ou idade avançada), as diretrizes divulgadas pela Associação estão ainda mais rígidas. Mesmo com pressão controlada e hábitos saudáveis, no entanto, os pacientes de risco devem consumir um medicamento que pode prevenir uma complicação cardiovascular: o ramipril, que inibe a enzima conversora da angiotensina (ECA). Segundo o Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira Barretto, diretor do Serviço de Prevenção e Reabilitação do Instituto do Coração ? Incor de São Paulo, se prescrito sob a forma de 10 mg diariamente, o ramipril previne o derrame cerebral, a morte de origem cardiovascular e o infarto do miocárdio, além de controlar a pressão arterial (*).

Prever o risco de um derrame, por exemplo, é uma tarefa bastante delicada. O médico pode examinar as artérias carótidas para checar se há placa de aterosclerose (identificada clinicamente por sopro ou alteração do pulso da carótida) e, mais detalhadamente, através de exames específicos como o ultra-som das carótidas. Mas, se a placa for muito pequena, o exame clínico apenas pode não detectar e ela pode causar derrame da mesma forma que uma placa grande. Eis a importância da prevenção. Abaixar a pressão, controlar o diabetes, abandonar o tabagismo, controlar o colesterol, fazer exercícios regularmente e utilizar o ramipril para pacientes de alto risco, são as medidas recomendadas pelos cardiologistas para reduzir a incidência do derrame. Mas a menos conhecida é o uso do ramipril, uma forma de prevenção tão eficaz quanto as outras.

Muitas vezes fatal, ou resultando em graves seqüelas, o acidente vascular cerebral (AVC), ou simplesmente derrame cerebral, vem sendo exaustivamente pesquisado, pois é hoje uma das principais causas de morte e de incapacitação física em todo o mundo. No Brasil, conforme dados do DATASUS de 1997, o derrame foi a principal causa de morte, ultrapassando a doença coronária. O médico cardiologista Jairo Lins Borges, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo, alerta que “há mais pessoas sujeitas ao derrame do que parece: quem apresenta pressão alta, colesterol alto, diabetes, tabagismo, estresse, sedentarismo, obesidade, história de AVC na família ou tem idade acima de 50 anos, corre risco de vir a sofrer um derrame. Ou seja, não é necessário apresentar sintomas, nem obrigatoriamente ter idade muito avançada”. A primeira medida adotada pelos médicos para pacientes com alto risco de AVC é controlar a pressão arterial. Estudos revelaram que pacientes hipertensos têm muito mais chances de sofrer derrame.

As outras formas de prevenção envolvem a manutenção de hábitos de alimentação saudáveis, evitando-se gorduras, especialmente as de origem animal e excesso de açúcar, prática de exercícios físicos e abandono do hábito de fumar. Mas a novidade mais recente no meio médico mostra também que pacientes de alto risco, mesmo com pressão controlada e hábitos saudáveis, devem consumir o medicamento ramipril. Se prescrito sob a forma de 10 mg diariamente, o ramipril, além de controlar a pressão arterial, previne o derrame (*). “O ramipril tem efeito anti-aterosclerótico. Ele inibe a formação das placas ateroscleróticas na parede dos vasos sanguíneos e dá estabilidade às placas já existentes.

Ou seja, é um medicamento protetor dos vasos sanguíneos”, explica o Dr. Jairo Lins Borges. Para entender melhor como o ramipril age no organismo, é preciso saber como se dá o AVC. O acidente vascular cerebral acontece quando as artérias carótidas (vasos do pescoço que levam sangue para o cérebro) ficam “entupidas” por placas de aterosclerose (restos de gordura, de cálcio, de coágulos sanguíneos, etc) que, de tempos em tempos podem desprender “pedaços” (chamados êmbolos), que vão para o cérebro, onde entopem vasos menores. A falta de circulação “mata” as células cerebrais que receberiam sangue. Dependendo do local onde tais células morrem, o paciente sofrerá seqüelas maiores ou menores, podendo até mesmo falecer.

O ramipril age da seguinte forma: nos pacientes com alto risco de AVC, existe uma cascata de reações químicas que culmina na formação da angiotensina (substância “tóxica” ao organismo, pois retém água, sal, contrai os vasos e induz à aterosclerose). Quem ativa a angiotensina é uma enzima que, se bloqueada, ajuda a evitar a formação das placas de aterosclerose nos vasos. O ramipril é uma droga considerada inibidora da enzima conversora da angiotensina (ECA). Segundo o Dr. Antonio Carlos Pereira Barretto, “a grande dificuldade em convencer o paciente a fazer o tratamento de prevenção é que o resultado só vai aparecer a longo e médio prazo. É como parar de fumar. As pessoas sabem que faz mal, que elas podem desenvolver um câncer de pulmão, mas não param porque não vêem um benefício imediato”, explica. A melhor forma de convencer os pacientes, para o Dr. Pereira Barretto, é através do médico cardiologista da confiança deles. Por isso ele escreveu um livro destinado ao público médico, “Prevenção de Complicações Cardiovasculares”, mostrando o papel do medicamento ramipril.

O livro teve como base o Estudo HOPE (Heart Outcomes Prevention Evaluation), realizado em 267 centros médicos da América do Norte, Europa e América do Sul, envolvendo pacientes com idade acima de 55 anos, seguidos durante cinco anos. O estudo revelou que, “em pacientes com alto risco, como aqueles que já tinham tido um infarto do miocárdio ou um acidente vascular cerebral, ou eram diabéticos com mais um fator de risco, a prescrição de ramipril, um inibidor da ECA de ação prolongada, na dose de 10 mg uma vez ao dia, reduziu a incidência de complicações cardiovasculares graves em 22%”, afirma o Dr. Barretto. Especificamente, nos casos de derrame cerebral houve uma redução de mais de 30%. “O principal objetivo da prevenção das doenças cardiovasculares, entre elas o derrame, é prolongar a vida e manter a pessoa em situação de qualidade de vida melhor”, afirma o cardiologista. Se hoje a expectativa de vida vem aumentando cada vez mais, é preciso garantir que essa fase avançada da vida seja aproveitada com saúde e bem estar. E a prevenção é o melhor caminho, inclusive através do uso do medicamento capaz de controlar a pressão arterial e proteger o paciente de um eventual derrame. (*) A Libbs Farmacêutica produz desde agosto de 2000 o Naprix, cujo princípio ativo é o ramipril. O Naprix é o único medicamento do mercado que apresenta a versão comprovadamente indicada no estudo HOPE (10 mg por comprimido), considerado um marco da história da medicina em todos os tempos, para o tratamento de prevenção contra o derrame cerebral, a morte de origem cardiovascular e o infarto do miocárdio.

Fontes consultadas para a matéria: Dr. Jairo Lins Borges, médico cardiologista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hospital Adventista (São Paulo) ? Tel. (11) 5085 4239, e-mail cardiogeriatria@bol.com.br Prof. Dr. Antônio Carlos Pereira Barretto, médico cardiologista e diretor do Serviço de Prevenção e Reabilitação do Instituto do Coração (InCor) – Hospital das Clínicas (FMUSP – São Paulo)

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