Dia Nacional do Idoso destaca prevenção

Prevenção e aderência aos tratamentos de doenças crônicas, como hipertensão arterial, depressão e cardiopatias são fundamentais, pois são essas enfermidades que afetam milhares de idosos no Brasil e no mundo.

Essa é a principal recomendação a ser lembrada no Dia Nacional do Idoso, comemorado em 1.º de outubro.

Essas doenças são responsáveis por altos índices de invalidez e um crescente número de óbitos, o que faz com que mereçam atenção especial, sempre. A hipertensão arterial, por exemplo, conhecida como pressão alta, afeta milhões de pessoas.

Por não fazerem seus exames com regularidade, muitos pacientes ainda não sabem que têm a doença. Outro problema é que muitos hipertensos recebem tratamento inadequado, além daqueles que teimam em não se tratar por não apresentar sintomas evidentes da doença.

“A população não dá a devida atenção ao diagnóstico e tratamento da hipertensão, principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, que provocam dois terços dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e 50% dos infartos, responsáveis por 12% das mortes anuais dos adultos em todo o mundo”, alerta o cardiologista Jairo Lins Borges, reforçando que os idosos são as principais vítimas.

Menos sal

Conforme o especialista, mesmo quando a pessoa mantém a pressão normal até os 65 anos de idade, depois disto certamente terá problemas de pressão alta. “Praticamente 80% das pessoas com mais de 70 anos têm pressão alta”, avalia.

Outros fatores que agravam a hipertensão arterial são tabagismo persistente; sedentarismo; má alimentação; obesidade, sobretudo abdominal (homens acima de 102 cm e mulheres acima de 88 cm); e a pré-existência ou histórico familiar de doenças, como diabetes, lesões em outros órgãos-alvo (lesões nos rins e retina) ou de enfermidade cardiovascular (hipertrofia ou dilatação do coração e dilatação da aorta, entre outras).

Por essas razões, é fundamental identificar precocemente a alteração, o que só é possível medindo a pressão sempre, mesmo que a pessoa se sinta bem. Outra questão importante é o paciente seguir as orientações médicas com mudanças no estilo de vida, que incluem prática de exercícios e alimentação mais saudável – com menor consumo de sal.

De acordo com Borges, não devemos esquecer que 70% do sal que consumimos vem de produtos industrializados que, à medida do possível, devem ser trocados por alimentos naturais.

Adesão ao tratamento

“Além disso, é essencial parar de fumar e evitar o fumo passivo, reduzir o consumo de álcool e utilizar a medicação na quantidade e nos horários corretos”, destaca.

O complicador é que, após um ano, 50% dos pacientes já desistiram do tratamento da hipertensão, o que tem preocupado muito os sistemas gestores de saúde no mundo inteiro.

O ideal é que a pressão arterial fique abaixo de 140/90 mmHg para a população geral e menor que 130/80 mmHg para pacientes com doença nos rins ou alterações cardiovasculares mais avançadas.

Para o diabético, os valores recomendáveis estão entre 130-134/80-84. Estudos clínicos recentes demonstraram que alcançar essas metas é difícil, principalmente para os idosos, quando se utiliza um único medicamento como opção preferencial para tratar a hipertensão.

Mais que isso, essa situação pode levar à ocorrência precoce de complicações cardiovasculares graves, se o ajuste do tratamento for retardado em mais de dois a três meses. “Assim, principalmente na fase inicial do tratamento da hipertensão, o médico e o paciente precisam se ver mais frequentemente”, recomenda o especialista.

Depressão complica mais

Outra doença com grande prevalência no idoso, principalmente entre as mulheres (também por fatores hormonais e emocionais), é a depressão, que se,gundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) uma das enfermidades mais comuns em 2020.

“A tendência é que ocorra realmente um avanço significativo da doença, já que, em 10 anos, 30% da população mundial terá mais de 65 anos”, afirma a psiquiatra Giuliana Cividanes.

Os principais fatores que desencadeiam a depressão são perda do emprego, morte de familiares ou de amigos e fim de relacionamentos. Na terceira idade, algumas dessas situações ocorrem com grande frequência, somadas a certa perda de independência e de cognição (atenção e memória), redução da capacidade de executar determinadas tarefas, bem como ao maior isolamento social e a problemas econômicos.

Os idosos podem e devem ter boa qualidade de vida. Para isso, precisam manter-se ativos, produtivos e saudáveis. O diagnóstico da doença pode ser feito também por clínicos gerais e não somente por especialistas, por meio de questionários de fácil aplicação.

É possível identificar se o paciente está integrado e participando das atividades familiares e comunitárias ou profissionais e se está mantendo boas relações sociais.

Giuliana Cividanes enfatiza que a depressão é uma doença tratável, com melhora inclusive das deficiências cognitivas nos idosos, mas é imprescindível que o médico esteja apto a distinguir entre os sintomas depressivos e os apresentados por pacientes que sofrem de diferentes tipos de demência, como, por exemplo, Alzheimer, pois erros de diagnóstico e tratamento podem comprometer de modo relevante a qualidade de vida das pessoas.

Os inimigos da pressão sob controle

* Tabagismo persistente
* Sedentarismo
* Má alimentação
* Obesidade, sobretudo abdominal
* Doenças pré-existentes
* Histórico familiar de doenças, como diabetes, lesões nos rins ou de enfermidade cardiovascular (hipertrofia ou dilatação do coração, dilatação da aorta).