Desejo de entrar em forma no verão tem ressalvas

O desejo de estar em forma e exibir um corpo perfeito nas praias faz com que muita gente, principalmente as mulheres, não meça esforços. Nesta época do ano, com a proximidade do verão, é comum encontrar pessoas aderindo a dietas, muitas vezes retiradas da internet ou de revistas femininas sem muita credibilidade, para tentar emagrecer.

A variedade de receitas disponíveis é imensa: existe a dieta da proteína, da gordura, do tipo sangüíneo, da sopa, dos shakes, dos carboidratos, do limão, entre muitas outras. Geralmente, quando indicadas, prometem milagres em curto período de tempo a quem as rigorosamente seguir.

O que muita gente não sabe é que, além de não atingir os objetivos desejados ou anunciados, essas dietas, na maioria das vezes feitas sem qualquer orientação, podem representar uma série de riscos à saúde. Segundo o nutricionista do Hospital de Clínicas da UFPR, em Curitiba, Raul Carmello, dietas “milagrosas” costumam ser deficientes em proteínas, vitaminas e minerais.

A falta desses nutrientes no organismo pode gerar anemia, resultante da deficiência de ferro, além de hipoglicemia, tonturas e desmaios. “Muitas vezes, a pessoa não está perdendo apenas gordura corporal, mas massa muscular. Isso resulta na diminuição do metabolismo”, afirma. Mal alimentada, a pessoa passa a sentir cansaço constante, sonolência e sensação de fraqueza. Pode ter o rendimento escolar ou profissional diminuído ou mesmo sua vida social prejudicada.

As dietas sem orientação também costumam contribuir com o efeito “sanfona”, no qual a pessoa perde peso muito rapidamente e, também em pouco tempo, o recupera novamente. “Não existem dietas milagrosas. Normalmente, uma pessoa, quando segue uma dieta com orientação de nutricionista, perde de meio quilo a um quilo por mês. É ilusão achar que se pode perder peso rápido sem prejuízos à saúde”, diz Raul. “O ideal é que se faça uma dieta balanceada e sem deficiência de nutrientes”.

A jornalista Camila Age, de 25 anos, sabe bem o que é tentar emagrecer e não conseguir. Durante vários anos, ela tentou, sem sucesso, perder peso através do uso de medicamentos e dietas. “Nunca fiz dietas malucas, mas geralmente tentava tudo o que me diziam que funcionava. Não cheguei a ter depressão, mas em função dos remédios para emagrecer que eu tomava me sentia irritada e chorava muito”, lembra. “Acho que ninguém deve tentar perder peso sozinho. O melhor é buscar um profissional”. A melhor solução para Camila foi cirurgia de redução de estômago, feita há cerca de um ano. Ela, que antes pesava 96 quilos, hoje pesa 76 e ainda tem expectativas de perder mais.

Pirâmide alimentar

A reeducação alimentar geralmente é baseada no método da pirâmide alimentar, que consiste na colocação dos alimentos em uma pirâmide conforme a intensidade que eles devem ser consumidos. No topo da pirâmide, ficam os chamados alimentos energéticos – como gorduras, óleos e açúcar – que devem ser consumidos em pequena quantidade. Abaixo deles, vem os chamados alimentos construtores – laticínios, carne de vaca ou porco, frango, peixe, leguminosas, ovos e frutas secas -que devem ser consumidos com moderação, isto é, de duas a três porções diárias. Depois dos construtores, vem os reguladores – frutas e vegetais – que podem ser consumidos generosamente. Por último, na base da pirâmide, estão os alimentos energéticos -pão, cereais, arroz, massas e grãos integrais – que devem ser consumidos em seis a onze porções diárias, dependendo do tamanho e da idade da pessoa.

Cuidado com medicamentos

Outra ameaça a quem luta contra a balança são os medicamentos vendidos indiscriminadamente e que também prometem a promoção de “milagres” em curto período de tempo. Muitas vezes, as “fórmulas milagrosas” são anunciadas em comerciais de TV, em revistas e até encontradas em clínicas de estética e academias de ginástica pouco responsáveis em relação ao bem-estar de seus clientes.

“Alguns medicamentos, além de não cumprirem com o prometido, podem causar dependência e, em longo prazo, problemas cardíacos”, informa o nutricionista Raul Carmello. “Como possuem estimulantes em suas fórmulas, quando deixam de ser usados, podem gerar depressão”.

Devido aos perigos, os medicamentos para emagrecer só devem ser utilizados após indicação de médico endocrinologista. Apenas o profissional pode dizer que medicamento é mais indicado a um determinado paciente, a dosagem certa e o tempo pelo qual o produto deve ser utilizado. (CV)

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