Descasados deprimidos já têm a quem recorrer

A separação conjugal está entre os principais fatores determinantes de estresse emocional, em virtude das brigas por filhos, pensão e pertences. Mais do que uma simples separação, muitas pessoas após todo esse processo ficam psicologicamente enfraquecidas, com sentimento de culpa e fracasso, em depressão. E todos esses problemas, além de afetar o homem e a mulher descasados, refletem na convivência com os filhos, no trabalho e no convívio social.

Uma das alternativas para essas pessoas enfrentarem a separação vem sendo desenvolvida há um ano e meio em Curitiba. É um trabalho especializado para as pessoas descasadas. Trata-se do Grupo de Orientação para Descasados (Godes). A idéia surgiu em São Paulo, há 18 anos. A psicóloga curitibana Rafaela Consuelo Goiej se interessou pelo programa e passou por um treinamento na capital paulista.

Desde o final de 2002, ela trabalha com descasados da capital, e ressalta a importância do grupo: “Na maioria dos casos, entrar em contato com outras pessoas favorece o entendimento da realidade por parte dos descasados. A dor da separação é grande, e para alguns não é possível enxergar uma saída para o problema”.

Além da terapia de grupo, a maioria dos pacientes participa de sessões individuais. Os encontros ocorrem uma vez por semana, e têm duração de uma hora e meia. Os grupos são formados por no máximo dez pacientes, e todos participam das discussões. A psicóloga informou que, na maioria das vezes, as queixas são as mesmas, sempre buscando explicações para o fim do casamento: “A dor da separação é profunda, e sem um acompanhamento é mais difícil dela se dissipar. Com o grupo, esse processo acaba sendo absorvido mais facilmente. Mas com certeza existem aqueles casos em que a pessoa mergulha na solidão, nas drogas e piora sua vida”, conta Rafaela.

De acordo com a psicóloga, muitas pessoas têm dificuldade de aceitar o rompimento, e admitir que foi deixado é mais complicado ainda. Sem distinção de sexo, Rafaela acredita que a dor da separação é enorme para qualquer pessoa. Em Curitiba, ela trabalha no momento com consultas individuais. Os grupos podem ser formados assim que os pacientes quiserem discutir o assunto em conjunto. “A iniciativa ainda é nova, e não tem tanta procura quanto se espera. No entanto, aos poucos as pessoas vão percebendo essa alternativa”, afirmou.

Mudança

A estilista e artesã Gisele Lambertucci, de 48 anos, está há três anos participando do Godes. Ela e o marido se separaram e a aceitação do novo estilo de vida demorou a acontecer: “Definitivamente cheguei ao fundo do poço. Emagreci 15 quilos, fumava três maços de cigarro, tomava medicamentos e não tinha contato com outras pessoas. Após os encontros, aos poucos, isso foi mudando”, revelou.

Ela ressalta que o trabalho trata de uma reciclagem interior. Uma mudança de pensamento e de atitude que se reflete no dia-a-dia, mudando a forma de levar a vida. “É estranho falar da minha experiência, mas tem muita gente com o mesmo problema e que não procura ajuda. Pode parecer algo simples, mas se a pessoa não se cuida, tudo pode terminar mal. Conheço pessoas que se acabaram na bebida depois que se separaram”, lembrou.

Serviço: Mais informações: Godes – (41) 3354-1984.

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